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João Hazim: para entender a Ethereum é preciso entender o Bitcoin sob uma nova perspectiva

21 jan 2020, 11:30 - atualizado em 28 out 2020, 23:09
bitcoin ethereum
Qual a relação do Bitcoin com a Ethereum e por que são “rivais”? (Imagem: Unsplash/@thoughtcatalog)

Para introduzir o assunto, o mercado de criptoativos tem, como uma de suas principais características disruptivas, a usabilidade de aplicações descentralizadas, ou seja, a eliminação de intermediários. E quem são esses intermediários?

É importante sacar, logo de cara, que esses intermediários são grandes corporações — ou estados —, detentores de muito poder e dinheiro que, em sua grande maioria, não querem que essa mudança aconteça.

Afinal, atacar a centralização é atacar esse modelo de negócio superlucrativo, mas que nos afeta diretamente em todos os aspectos de nossas vidas.

Dentre todos os criptoativos desse mercado, o maior deles (nos dias de hoje) chama-se bitcoin.

O bitcoin surgiu com o intuito de acabar com intermediários em transações financeiras e, principalmente, com a criação de valor artificial, que acontece toda vez em que um estado imprime mais papel-moeda.

A impressão desenfreada de dinheiro faz com que este perca valor ao longo do tempo. Ou seja, cada vez que o estado imprime papel-moeda, está botando a mão no seu dinheiro sem que você perceba nem que possa fazer algo a respeito. O nome disso, tecnicamente falando, é inflação.

Portanto, resumidamente falando, o bitcoin surgiu para eliminar, ou pelo menos tirar a força, do estado (intermediário) na criação de valor econômico artificial (impressão de papel-moeda).

Aqui, estamos falando do dinheiro do estado, ilimitado e controlado por poderosos vs. o dinheiro da matemática (bitcoin), com regras claras e que não possui um dono (descentralizado).

Tudo isso é para explicar que o bitcoin é, afinal de contas, uma aplicação financeira descentralizada (a mais importante de todas), que utiliza blockchain próprio (a primeira de todas e precursora de tudo o que veio depois).

O bitcoin tem, como objetivo principal, substituir o dinheiro, como forma de pagamento, ou o ouro, como reserva de valor (a definir).

ethereum
Ethereum auxilia a criação de milhares de outras dapps e, por isso, é considerada a plataforma mais importante do universo dos criptoativos (Imagem: Unsplash/@cliffordgatewood)

Mas o que isso tem a ver com a Ethereum? E as outras aplicações descentralizadas? Não existem outras?

A Ethereum é, sem sombra de dúvidas, o principal projeto para a construção de milhares de outras aplicações descentralizadas. Seu blockchain permite o registro de regras de funcionamento (smart contracts) para cada aplicação construída a partir da sua plataforma.

Por conta disso, existem aqueles que pensam que a Ethereum é tão disruptiva (ou até mais disruptiva) que o próprio Bitcoin.

“Mas se o Bitcoin é uma aplicação e a Ethereum é a construtora de várias outras, então a Ethereum é melhor!”

Calma, vamos com muita calma! O bitcoin se propõe a eliminar o uso do ouro como reserva de valor ou o uso do dinheiro de estado como forma de pagamento. Não estamos falando de qualquer coisa nem estamos falando da eliminação de qualquer intermediário, e isso precisa ser respeitado.

Além disso (e de outras coisas), foi a partir da criação do bitcoin que surgiu o blockchain, que desencadeou tantos outros avanços. Dentre eles, a criação da Ethereum.

Ao mesmo tempo, temos que admitir que o bitcoin (apesar da sua importância) é uma aplicação com algumas funções, enquanto a Ethereum permite a criação de milhares de aplicações de todos os tipos, possíveis e imagináveis.

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Descentralização implica na liberdade e governança devolvidas para a população, sem que haja medo de censura por parte de uma empresa ou órgão centralizado (Imagem: Pixabay/mohamed_hassan)

No fim do dia, essas dapps (aplicações descentralizadas) nos darão mais liberdade, em todos os sentidos

No campo das redes sociais, por exemplo, teremos mais liberdade para consumir informação sem filtros (hoje definidos pelos donos das redes sociais). Da mesma forma, poderemos compartilhar informações sem nenhum risco de termos nossas ideias censuradas.

Se olharmos para o mercado de games, esses serão criados para que jogadores possam monetizar o tempo que dedicam aos jogos, a partir, por exemplo, da criação de marketplaces para a negociação de skills e/ou equipamentos.

Nesses marketplaces (que já existem), a negociação de itens é feita entre jogadores, sem a necessidade de um intermediário, o que lhes dá total controle e propriedade sobre esses itens.

O que esses dois exemplos têm em comum? A devolução da autonomia e da liberdade para as pessoas.

A Ethereum promove isso quando permite a criação dessas soluções, e isso precisa ser respeitado e apreciado com a maior atenção. Aqui, estamos falando do segundo maior marketcap do mercado de criptoativos e da principal plataforma de criação de dapps. Não dá para ignorar tudo isso.

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Vitalik Buterin, CEO e criador da Ethereum, é alvo de críticas porque, embora a rede tenha o propósito de ser descentralizada, ainda possui um dono que toma as decisões sobre a plataforma (Imagem: Youtube/Business Insider)

Críticas

As principais críticas que existem a respeito da Ethereum vão em direção a seu fundador, Vitalik Buterin, e do estresse da rede em momentos de altíssimo fluxo.

Sobre Vitalik, que é considerado por muitos o Steve Jobs desse mercado, critica-se justamente a centralização, ou seja, o fato de o projeto possuir um “dono”.

Quem defende a Ethereum o enxerga como um líder necessário para manter o negócio em andamento, através da entrega de tarefas complexas, necessárias para a evolução de todo o ecossistema.

Já quando o assunto é o estresse da rede, diversas implementações, denominadas “hard forks“, vêm sendo ativadas, com o intuito de resolver as dificuldades de escalabilidade e ininterruptabilidade.

Em alguns momentos, essas limitações prejudicaram ou inviabilizaram o funcionamento de dapps de sucesso, como foi o caso do CryptoKitties.

João Hazim é administrador e especialista em varejo de bens e serviços. Nascido em Florianópolis é, desde sempre, um heavy user de assuntos e produtos ligados à tecnologia. Desde 2017, está envolvido em projetos ligados a criptoativos e blockchain por enxergar muito valor nesse mercado. É cofundador de projetos como o Criptotermos e a EscolaCripto.

Cofundador do EscolaCripto
É administrador e especialista em varejo de bens e serviços. Nascido em Florianópolis é, desde sempre, um heavy user de assuntos e produtos ligados à tecnologia. Desde 2017, está envolvido em projetos ligados a criptoativos e blockchain por enxergar muito valor nesse mercado. É cofundador de projetos como o Criptotermos e a EscolaCripto.
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