JBSS3 e MRFG3: Com superciclo de gado nos EUA perto do fim, BTG corta preço-alvo; qual ação comprar?
O BTG Pactual cortou os preços-alvo das ações da JBS (JBSS3) e da Marfrig (MRFG3), de R$ 55 a R$ 54 e de R$ 27 para R$ 17, respectivamente, diante da proximidade de virada do ciclo de gado no mercado americano.
Em relatório publicado nesta quarta-feira (31) a clientes, o banco destaca que os últimos anos foram memoráveis para as empresas de proteínas com exposição ao gado americano. Elas se beneficiaram de uma combinação única de oferta maior de cabeças, capacidade limitada de abate e demanda forte do consumidor.
“Essa combinação poderosa permitiu que as companhias pudessem crescer, desalavancar e acelerar a distribuição de caixa – tudo ao mesmo tempo”, comentam Thiago Duarte e Henrique Brustolin, analistas do BTG responsáveis pelo relatório.
Agora, com o superciclo do gado nos Estados Unidos perto do fim, o banco passa a projetar margens menores para os players do segmento – e, dada a relevância para a JBS e a Marfrig, a principal questão é a direção para a qual as margens “normalizadas” devem caminhar.
“As ações do setor de proteínas costumam ser negociadas pró-ciclicamente, e essa é precisamente a razão pela qual estamos seletivos quando olhamos para as companhias expostas ao ciclo de baixa”, explicam Duarte e Brustolin.
A dupla explica que normalmente considera margens “normalizadas” como forma de ancorar os valuations frente às altas e baixas dos ciclos. Porém, as margens entre ciclos existem apenas por um período limitado de tempo.
“Como se espera que a oferta de gado nos Estados Unidos continue apertada nos próximos anos, as margens das empresas de carne bovina também podem cair a níveis abaixo do histórico em algum momento no futuro, levando a menores retornos e, eventualmente, valuations não atrativos”, avaliam os analistas.
JBS é “compra”
O BTG tem recomendação de compra para a ação da JBS. O banco explica que, embora a empresa não seja imune ao ciclo de baixa do gado nos EUA, ela encontrou uma maneira de se proteger da volatilidade das margens.
O BTG acredita que a diversificação deve continuar dando suporte ao frigorífico.
Na avaliação do banco, a JBS criou uma plataforma tão diversificada que a volatilidade da margem operacional consolidada deve ser a menor dentro do setor.
Ainda, Duarte e Brustolin destacam que a elevada inflação dos alimentos e um real mais fraco devem se traduzir em R$ 380 bilhões em receitas para a companhia neste ano, um aumento de 86% em relação a 2019, antes da pandemia.
“Os resultados nominais não devem voltar aos níveis vistos alguns anos atrás”, reforçam.
Marfrig é a mais exposta
Em relação à Marfrig, o BTG optou por adotar uma visão mais cautelosa e está com recomendação “neutra” para o nome.
É verdade que a Marfrig se fortaleceu ao longo dos últimos anos. Porém, ela é a empresa com a maior exposição ao ciclo de gado americano.
“Não tem muita coisa que seus negócios na América do Sul podem fazer para salvar os resultados se as margens da carne bovina dos EUA caírem”, dizem Duarte e Brustolin.
“A aquisição de fatia da BRF (BRFS3) traz novas opcionalidades para a tese, mas a alavancagem pode se tornar mais uma vez um ponto de atenção se as margens nos EUA se moverem para níveis abaixo do histórico em algum momento”, completam os analistas.
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