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JBS (JBSS3) teria comprado 93.734 cabeças de gado de forma irregular, diz MPF

15 dez 2022, 14:31 - atualizado em 15 dez 2022, 15:34
JBS
Ao todo, a auditoria constatou 136.172 compras irregulares de gado pela JBS e outros frigoríficos não listados que atuam na região (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Cerca de 17% do gado adquirido pela JBS (JBSS3) no Estado do Pará, na região Amazônica, pode ter vindo de propriedades envolvidas em “irregularidades” como o desmatamento ilegal, de acordo com uma auditoria do Ministério Público Federal (MPF) divulgada nesta quinta-feira.

A auditoria, que avaliou as compras de gado entre julho de 2019 e junho de 2020, identificou que o maior frigorífico do mundo teria comprado 93.734 cabeças de fornecedores com alguma irregularidade.

Ao todo, a auditoria constatou 136.172 compras irregulares. Com isso, a JBS foi responsável por cerca de 69% do total de aquisições realizadas por mais de 15 empresas que atuam na região.

Procurada, a JBS afirmou em nota que os resultados do 4º ciclo da auditoria do MPF no Pará se referem a compras realizadas há mais de dois anos e que são consequência, principalmente, de imprecisões na adoção de critérios ocorridos na época e que já foram ajustadas pela JBS em outubro de 2021.

Os resultados da auditoria alimentaram preocupações crescentes de que a JBS poderia estar contribuindo para a destruição da maior floresta tropical do mundo.

No ciclo de auditoria anterior, abrangendo o período entre janeiro de 2018 e junho de 2019, a companhia teria comprado cerca de 301 mil cabeças de gado de fazendeiros irregulares, disseram os procuradores federais.

A criação de gado junto com o desmatamento para vender madeira ou cultivar plantações estão impulsionando o desmatamento na região amazônica.

Vários frigoríficos assinaram compromissos com procuradores em 2013, comprometendo-se a não comprar gado de fazendas que foram desmatadas ilegalmente desde 2008 ou que estão na listadas por crimes ambientais.

A JBS e diversas outras grandes empresas agropecuárias se comprometeram a eliminar o desmatamento de suas cadeias de suprimentos até 2025, incluindo a destruição ligada a fornecedores indiretos, que vendem para intermediários que depois comercializam os animais aos frigoríficos.

A auditoria não encontrou irregularidades nas compras de gado ligadas à Minerva, uma rival da JBS e a única outra empresa listada examinada pelo MPF.

(Atualizada às 15:34)