JBS (JBSS3) tem mais um trimestre brilhante; até onde vai a boa fase da empresa?
Os resultados da JBS (JBSS3) conseguiram superar até as perspectivas mais otimistas. Analistas já esperavam a chegada de bons números, mas a companhia bateu as projeções de receita líquida da XP Investimentos e Ebitda do BTG Pactual (BPAC11).
No quarto trimestre de 2021, a JBS reportou lucro líquido de R$ 6,47 bilhões, um crescimento de 61% em relação ao mesmo período de 2020.
A receita líquida subiu 27,8% na mesma base de comparação e totalizou R$ 97,2 bilhões, puxada pelas vendas da Seara, que aumentaram 34,2%.
O Ebitda ajustado foi de R$ 13,2 bilhões, representando um salto de mais de 80% sobre um ano antes. O resultado foi impulsionado pela margem, que subiu 4,3 pontos percentuais, atingindo 13,5%.
Exterior supera local
As operações nos Estados Unidos mais que compensaram a performance abaixo do esperado da unidade de negócio no Brasil.
Para o BTG, a carne bovina dos EUA continua se destacando. A divisão registrou Ebitda de R$ 7,8 bilhões no trimestre, o segundo mais forte já registrado, afirma o banco. A receita bateu recorde de R$ 41,2 bilhões, amparada pelos preços crescentes da carne, mitigando a alta dos custos do gado.
A XP classifica as operações do quarto trimestre no mercado norte-americano como “excepcionais”. Apesar das preocupações envolvendo a demanda, dada a crescente pressão inflacionária, a corretora espera que a demanda aumente para todas as proteínas com o início da temporada de churrascos.
A suspensão temporária das exportações brasileiras para a China fez com que a receita do segmento encolhesse no trimestre. Porém, a Genial Investimentos destaca que, mesmo em meio a um cenário doméstico desafiador, a JBS conseguiu aumentar suas vendas em 2021.
Ciclo do gado
Segundo a XP, a questão que deve permanecer agora é o ciclo do gado nos EUA e no Brasil, que podem seguir em direções opostas.
De acordo com a Genial, embora a expectativa seja de menor disponibilidade de gado no curto prazo para as operações de fora, a primeira fase de liquidação é positiva aos frigoríficos.
“As margens devem se contrair, mas ainda permanecer historicamente altas”, comenta a corretora.
No caso Brasil, a Genial afirma que os primeiras sinais de virada já estão aparecendo, com a oferta aumentando e os preços caindo.
O que pesa é a perspectiva de consumo menor devido às condições macroeconômicas no Brasil. O que deve ajudar a JBS são as exportações, embora a Genial acredite que a recuperação das margens pode demorar mais que o esperado anteriormente.
Ações vão se sustentar?
A Genial, a XP e o BTG têm recomendação de compra para as ações da JBS, com preços-alvo de, respectivamente, R$ 50, R$ 51,80 e R$ 55. O papel é negociado na faixa de R$ 37 nesta terça, alta de 0,11%.
O time de análise do BTG está confiante com a capacidade da empresa de continuar pagando dividendos e realizar recompras de ações – foi anunciado ontem, por exemplo, um novo programa de recompra para a aquisição de 116 milhões de ações, ou 10% do free float. A operação deve limitar o potencial de queda do preço dos papéis, diz o banco.
O Itaú BBA acredita que, entre M&As (fusões e aquisições), pagamento de dividendos e recompras de ações, a última opção parece a opção que mais adiciona valor à estratégia de alocação de capital em três frentes da JBS, tanto na criação de valor ao acionista quanto em redução de percepção de risco sobre o processo de desinvestimento do BNDES.
A instituição tem recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado), com preço justo de R$ 47.
A postura do Bradesco BBI é mais contida. A corretora tem recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 36.
Analistas destacam o desempenho inferior dos papéis ao Ibovespa no acumulado do ano.
“Vemos a negociação de ações em um EV/EBITDA (valor da empresa sobre Ebitda) de meio ciclo (estimativa para 2023) de 5 vezes, que está amplamente alinhado com a média histórica, apoiando assim a recomendação neutra”, afirmam Leandro Fontanesi e Ricardo França, em relatório divulgado nesta terça-feira (22).
Segundo os analistas, os investidores já precificaram:
- O impacto negativo da recente valorização da moeda real nos lucros da JBS;
- A deterioração das margens para a indústria de carne bovina dos EUA, à medida que a produção de carne bovina volta à normalização após o pico de casos da ômicron (aumento da oferta de carne bovina), e os estoques de gado devem continuar caindo, levando a custos de gado mais altos para a indústria.
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