JBS (JBSS3) desembarca na Nigéria com R$ 2,5 bilhões para construção de 6 fábricas; entenda o acordo
A JBS (JBSS3) assinou um memorando de entendimentos com o governo da Nigéria para investir no desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis para a produção de alimentos no país africano.
O frigorífico desenvolverá um plano de investimento de cinco anos, que abrangerá estudos de viabilidade, projetos preliminares das instalações, estimativas orçamentárias e um plano de ação para desenvolvimento da cadeia de suprimentos.
O documento prevê a construção de seis fábricas: três para aves, duas para bovinos e uma para suínos, com um investimento total de US$ 2,5 bilhões. A produção de proteína no país responde por 10% do PIB, e fornece 40% da demanda doméstica.
Pelo acordo, a JBS terá 55% de participação, enquanto o restante será dividido entre o governo nigeriano e investidores locais.
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A Nigéria é a maior economia da África e o país mais populoso do continente. Segundo projeções das Nações Unidas, a população nigeriana alcançará 400 milhões até 2050 — o país tem hoje mais de 250 milhões de habitantes.
O PIB nigeriano, hoje em US$ 363,82 bilhões, poderá mais que dobrar até 2050, chegando a US$ 1 trilhão. Apesar desse potencial, o país enfrenta desafios graves, incluindo uma das maiores taxas de insegurança alimentar do mundo, com 24,8 milhões de pessoas em situação de fome, segundo o WFP. Na África Subsaariana, 76% da população em extrema pobreza depende da agricultura para sua subsistência
Visão do Goldman Sachs para o acordo da JBS
Segundo o Goldman Sachs, que mantém recomendação de compra para a JBS (JBSS3) com preço-alvo de R$ 42,90, a crescente população na Nigéria representa uma oportunidade estratégica para a empresa.
O avanço avalia que a operação na Nigéria tem potencial para, no longo prazo, alcançar um porte semelhante ao da Seara, criando uma nova avenida de crescimento e ampliando a diversificação regional da companhia.
Na região, o consumo diário de proteína é, em média, de 45,4 g per capita, ficando 8,4 g abaixo do mínimo recomendado pelas Nações Unidas. Esse déficit é atribuído a fatores como a alta inflação dos alimentos, impactos de mudanças climáticas recorrentes e conflitos locais intermitentes.
“A carne bovina responde por 39% da ingestão total de proteína, seguida por frango com 34% e carne suína com 28%. 93% das necessidades do país são supridas localmente”, apontam os analistas Thiago Bortoluci e Nicolas Sussmann.
Entre os principais riscos que podem impactar o investimento estão:
- Desafios na execução do processo de listagem dupla nos EUA;
- Excesso de oferta global de frango, pressionando preços;
- Fusões e aquisições com impacto dilutivo;
- Desaceleração cíclica prolongada nos EUA;
- Fragilidades macroeconômicas e uma demanda global por proteína abaixo do esperado;
- Volatilidade cambial, com efeitos nos resultados financeiros;
- Possíveis embargos de exportação, proibições ou interrupções sanitárias;
- Potenciais litígios.