JBS (JBSS3): BTG acredita que investidores devem evitar realização de lucros e projeta ‘valorização adicional’

Mesmo com a forte valorização recente da JBS (JBSS3), o BTG Pactual não acredita que seja a hora para os investidores realizarem lucros.
A ação fechou com alta de 17,89% na última terça-feira (18) após o comunicado divulgado na segunda-feira (17), depois do fechamento do mercado. A companhia informou que a J&F Investimentos e a BNDESPar firmaram acordo no âmbito da dupla listagem das ações no Brasil e nos Estados Unidos.
“Dado o desconto de precificação em relação aos pares norte-americanos, há espaço para uma valorização adicional, dependendo do quanto esse desconto for reduzido. Aos preços atuais, o valor de mercado da JBS é de R$ 180 bilhões. Devido à alavancagem, apenas metade desse valor (R$ 86 bilhões) corresponde ao valor real da companhia”, explicam Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Gustavo Fabris.
Segundo os analistas, isso significa que até mesmo pequenas alterações no valor da empresa, resultante de uma valorização dos múltiplos de negociação, poderiam levar uma a uma alta significativa nas ações.
“Caso o EV/Ebitda e EV/EBIT da JBS se aproximem dos múltiplos da Tyson Foods (TSN), o potencial de valorização das ações ainda seria de 115% e 118%, respectivamente. Ainda assim, há tempos argumentamos que uma mudança de CEP não seria suficiente para uma reavaliação completa da JBS”.
BTG reforça compra de JBS
De acordo com o BTG, o valuation da Tyson Foods não se deve apenas ao fato de ser uma empresa listada nos EUA. Antes de adquirir a Hillshire Brands em 2014, a TSN negociava a múltiplos similares aos da JBS hoje (aproximadamente 6 vezes o valor de mercado versus o Ebitda, ou EV/Ebitda).
“Essa aquisição – que aumentou a participação da receita do segmento de alimentos preparados de 9% para 20% – foi o catalisador para a reavaliação significativa da TSN. Após a listagem nos EUA, esperamos que a JBS entre em uma nova fase de fusões e aquisições, focada na compra de ativos de marcas consolidadas e de produtos processados”.
Para os analistas, esse pode ser o momento em que a JBS finalmente negociará a múltiplos semelhantes aos de suas concorrentes globais do setor de alimentos de marca.
“Ainda assim, conforme demonstrado anteriormente, mesmo uma reavaliação modesta pode gerar um grande potencial de valorização para as ações. Ser uma empresa listada nos EUA provavelmente atrairia fluxos de investimentos significativamente mais fortes para o papel”.
O banco mantém há vários meses a JBS como sua única ação com recomendação de compra (preço-alvo de R$ 48 e potencial de alta de 24%).
“O motivo é simples: não estamos particularmente otimistas de que o ciclo de resultados excepcional que impulsionou o setor como um dos destaques do ano passado se repetirá em 2025. No entanto, a JBS oferece um valuation pouco exigente, que acreditamos funcionar como um amortecedor para o preço das ações, mesmo que os resultados não surpreendam positivamente”.
Mesmo agora, com um Ebitda anual inferior e um capex anual maior, o rendimento de fluxo de caixa livre estimado para 2025 é de 10%.
“Para nós, a listagem nos EUA sempre foi vista como uma opção atrativa, que agora parece começar a se concretizar”.