JBS investe em caminhões elétricos para distribuição de carga em grandes centros
A JBS (JBSS3), maior produtora global de carnes, criou uma nova unidade de negócios dedicada ao aluguel de caminhões elétricos para distribuição de cargas refrigeradas ao varejo, em uma iniciativa que ajudará a companhia a avançar com seu plano de redução de emissões de carbono, além de reduzir custos logísticos no médio e longo prazo.
Batizada de No Carbon, a nova empresa da JBS já está operacional, com uma frota de 31 veículos urbanos de carga (VUCs) 100% elétricos.
Inicialmente, eles estão sendo alugados a transportadoras prestadoras de serviços para a JBS, mas a ideia é expandir no futuro as operações para outras empresas interessadas em um transporte sem emissões.
Os veículos, produzidos pela chinesa Jac Motors, já operam distribuindo para o varejo produtos das marcas Friboi, Seara e Swift.
Eles substituirão parte dos caminhões movidos a diesel que são usados hoje pelos prestadores de serviços logísticos do grupo.
Os VUCs são equipados com baús frigoríficos capazes de transportar até 4 toneladas de carga resfriada e congelada.
A autonomia do veículo, nessa configuração, é de até 150 quilômetros/dia, o que o torna ideal para rodar nos centros urbanos, explicou à Reuters Armando Volpe, diretor executivo da No Carbon.
A frota elétrica está atendendo regiões dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal, onde há disponibilidade de assistência técnica por parte da montadora e também pontos de recarga nos centros de distribuição da JBS.
No futuro, Volpe afirma que a empresa poderá expandir a frota e até mesmo abrir a locação dos veículos para outros players do mercado com alta demanda por serviços logísticos, como redes varejistas e de e-commerce.
“Ganhamos uma expertise nesse segmento que nos permite, daqui a um tempo, oferecer (essa solução) a outras empresas”, disse o executivo, acrescentando que a evolução do negócio depende também de outras variáveis, como infraestrutura de assistência e recarga.
Mesmo com pouco tempo de operação, a companhia já vê interesse do mercado no negócio. “Os primeiros (caminhões) estão trabalhando há 60, 30 dias… o transportador que não tem caminhão elétrico está vindo nos procurar, porque ele vê que não tem problema, não precisa passar em posto de gasolina, procurar o preço do diesel.”
O executivo preferiu não comentar sobre o investimento na criação da nova empresa.
Impacto Ambiental e Redução de Custos
A eletrificação da frota usada pela JBS está alinhada ao compromisso do grupo de se tornar “net zero” em 2040, zerando o balanço líquido das emissões de gases de efeito estufa em toda sua cadeia de valor, disse à Reuters Susana Martins Carvalho, diretora executiva na JBS Novos Negócios.
A companhia calcula que cada caminhão elétrico evitará a emissão de cerca de 30 toneladas de gás carbônico equivalente na atmosfera por ano.
“A No Carbon será a primeira empresa brasileira especializada em aluguel de veículos elétricos de cargas frias… esse negócio se insere no nosso compromisso de sustentabilidade, principalmente no escopo 3”, disse a diretora, referindo-se à classificação das emissões indiretas das operações de uma empresa.
Além do impacto ambiental, a No Carbon representa também um potencial de redução de custos na ponta logística para a companhia, já que o veículo elétrico tem menor custo de manutenção do que um caminhão convencional, afirmou Volpe.
A companhia não informou quanto gasta atualmente com a distribuição de produtos por meio de caminhões a diesel, e qual seria o gasto com o uso do veículo elétrico.
“Se formos olhar só o valor do ativo, é muito mais caro… Só que você começa a ter outros benefícios, o caminhão elétrico tem muito menos peça, o que significa muito menos manutenção durante a vida dele, com muito menos perda de produtividade. Essa conta, no médio e longo prazo, fecha”.
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