Grãos

JBS e outros grandes consumidores estão fora das compras de milho com travamento no termo

19 ago 2019, 15:36 - atualizado em 19 ago 2019, 15:55
Maior parte do milho fica no mercado interno, mas com Chicago precificando as cotações (Imagem: Bloomberg)

A quase paralisação que os negócios com o milho sofreram após o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontar maior produção do que se esperava, passa longe das grandes indústrias no mercado interno. Há a percepção, entre agentes, de que vieram com fornecimento garantido nos contratos a termo, como a JBS entre elas para suas unidades de suínos e aves.

O travamento, normalmente entre fevereiro e maio, nos meses antecedentes à colheita do milho de inverno – a safrinha – também foi feito em vantagem em dado momento. O cereal na bolsa de Chicago (CBOT) chegou a ser negociado a US$ 4,00 o bushel e hoje está em torno de US$ 6,00; no porto, esteve em R$ 34,00 e atualmente na casa dos R$ 36,50 a 37,00/saca.

“Com isso, os grandes compradores do milho no mercado estão fora das compras neste momento”, explica Roberto Carlos Rafael, CEO da Germinar Agronegócio, corretora paulista especializada no grão.

Além da compra direta dos granjeiros e confinadores, que preparam a própria dieta dos animais, têm as fábricas de ração, alimentos em geral, óleo comestível e etanol, numa proporção maior do que o milho que vai para o mercado externo. Estima-se entre 60% e 70% a participação dos compradores domésticos de todo o milho produzido nas duas safras anuais.

Para o corretor, a volume físico está sendo mais disputado pelas processadoras menores. Os grandes devem voltar ao mercado para se abastecer de setembro em diante.

A safrinha de inverno, a maior, e praticamente concluída, está sendo considerada recorde, com previsão de fechar entre 70 a 74 milhões de toneladas. Mas o mercado estava aquecido, com as perspectivas de quebra da safra americana depois de semanas de chuva atrasando bastante o plantio.

Agora, no dia 12, o USDA deixou o mercado desorientado, com expectativa de produção de 353,1 milhões de toneladas, quando a média esperada não passava de 335 milhões.

Naturalmente, Chicago está vindo para baixo, limitado, contudo, pela provável revisão no próximo relatório, como os agentes e analistas estão esperando mundo afora. Daí que os negócios ficam de lado no mercado interno também.

Na Germinar, ainda não se trabalha com possibilidades concretas de revisão. “O clima no momento nos Estados Unidos está perfeito para o milho então temos que trabalhar com os dados do USDA”, diz Rafael, que também opera a Öküs Capital e Investimento, que opera a plataforma de negociações da XP Investimentos em Mogi Mirim.