JBS é melhor com ou sem Wesley?
Uma queda de braço entre o BNDESPar (que tem 21,3% da empresa) e a J&F (42,5%), controladora da JBS (JBSS3), está preocupando os investidores. No centro dessa disputa está o cargo de CEO da companhia, atualmente ocupado por Wesley Batista, irmão de Joesley, e envolvido em esquemas de corrupção que resultaram num acordo de leniência de R$ 10 bilhões da J&F com o Ministério Público Federal.
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Nos últimos dias, o BNDESPar solicitou o impedimento do voto dos acionistas controladores da JBS em dois dos cinco itens da pauta da assembleia, que estava marcada para quinta-feira (1). Os dois itens tratam de medidas a serem tomadas pela empresa para responsabilização dos gestores por prejuízos causados à companhia e de autorização da JBS para indenizar seus administradores e mantê-los ilesos.
O braço de investimentos do banco público pede ainda uma ação de responsabilidade civil contra Wesley. A JBS avalia, contudo, que seria “indesejável” sob o ponto de vista dos legítimos interesses da JBS abrir um processo neste momento.
“Há razões concretas que permitem crer que o impedimento do Sr. Batista, consequência da ação de responsabilidade contra ele, seria neste momento prematuro e, portanto, prejudicial à Companhia, sobretudo, à sua higidez econômico-financeira e à sua capacidade de recuperação comercial”, disse a empresa.
O fato é que sem poder conduzir a assembleia com o voto dos controladores, a FB Participações, empresa dos Batista, pediu a suspensão do encontro. O recurso foi atendido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região e nada aconteceu.
E agora?
Segundo uma análise do Citi, o BNDESpar pode já ter um potencial candidato para apresentar. “Uma decisão final ficará clara nos próximos 15 dias, e se a J&F ficar impedida de votar, ela aumentará significativamente a chance do atual CEO, Wesley Batista, ser removido da administração, em nossa opinião”, diz o analista Alexander Robarts.
O banco lembra que, desde o IPO em 2007, ninguém na companhia teve um papel instrumental tão importante na promoção da rentabilidade dos EUA e na construção de sua plataforma global, como Wesley.
“Entretanto, o papel do CEO com pagamentos não autorizados no Brasil, trazidos à luz pela investigação federal (que resultou em multas), provavelmente será um estigma entre certos grupos de acionistas no futuro”, pondera.
De qualquer forma, Robarts destaca que uma mudança abrupta não é tão favorável para os acionistas como uma sucessão planejada, mas isso pode ser amenizado com o seu sucessor já nomeado simultaneamente. Isso, para o Citi, “não seria tão ruim”. A recomendação para as ações é de compra, com um preço-alvo de R$ 12,50.