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Javier Milei presidente: Dólar cripto segue acima dos 1 mil pesos na Argentina, após vitória de ultraliberal

20 nov 2023, 12:32 - atualizado em 20 nov 2023, 12:33
Javier Milei vence segundo turno eleição argentina futuro presidente eleito dólar cripto dispara peso
Desafio: Javier Milei, presidente eleito da Argentina, enfrentará escassez de dólares (Imagem: Divulgação/ Javier Milei)

Além da disparada das ADRs (American Depositary Receipts) de empresas argentinas negociadas em Nova York, outro ativo mantém-se em alta desde a vitória do economista ultraliberal Javier Milei, no segundo turno da eleição presidencial argentina, realizado ontem (19). Trata-se do dólar cripto, que se tornou uma das referências do mercado de câmbio na Argentina.

Por volta das 11h55, o dólar cripto operava praticamente estável, com ligeira queda de -0,01%, cotado a 1.042,35 pesos para venda. Como todo bom mercado de criptoativos, o dólar cripto opera ininterruptamente. Apenas como comparação, a criptomoeda fechou a sexta-feira (17) cotada a 976,77 pesos por unidade.

A valorização de quase 7% nesse período reflete uma das promessas de Milei. Durante a campanha, o agora presidente eleito afirmou diversas vezes que pretende dolarizar a economia, abandonando o peso e extinguindo o Banco Central.

No discurso da vitória, após bater o peronista e atual ministro da Economia Sergio Massa, Milei não se referiu especificamente à dolarização, mas manteve o mesmo tom forte da campanha, ao afirmar que “as mudanças que a Argentina precisa são drásticas. Não há lugar para gradualismos e para tibieza”.

Parte dos analistas políticos locais acreditava que Milei aplacaria seu discurso, após a vitória, já que não contará com uma base consistente no Congresso, e precisou se aliar a políticos de centro-direita, como o ex-presidente Mauricio Macri e a conservadora Patricia Bullrich, que terminou o primeiro turno da corrida presidencial em terceiro lugar.

Milei, no entanto, contrariou as expectativas e deu duros recados à futura oposição peronista. “Sabemos que há gente que vai resistir. A todos, quero dizer: dentro da lei, tudo; fora da lei, nada. Seremos implacáveis com quem tentar usar a força para defender seus privilégios”, afirmou no pronunciamento.

Javier Milei, presidente da Argentina: Seca de dólares desafia promessas de campanha

O grande obstáculo para Milei dolarizar a economia é óbvio: faltam dólares na Argentina. Essa percepção fez com que o dólar cripto disparasse 10% em apenas duas horas ontem (19), entre as 18 horas, quando as urnas foram fechadas, e as 20 horas, quando dos boletins das seções eleitorais, divulgados pela imprensa argentina, já apontavam para uma expressiva vitória do economista libertário. Nesse curto período de tempo, a stablecoin atrelada ao dólar saltou de 944 pesos para 1.042 pesos.

Para Milei e Emilio Ocampo, seu principal assessor econômico durante a campanha, a dolarização da Argentina é “inevitável”. Ocampo é cotado para presidir o Banco Central no futuro governo, que toma posse em 10 de dezembro. Sua missão será conduzir a transição para uma economia movida a dólares e, por fim, a extinção da própria autoridade monetária.

Há algumas semanas, Ocampo afirmou que “a dolarização não vai resolver magicamente os problemas da Argentina. Mas é irreversível e vai tirar dos políticos a capacidade de destruir a moeda”. Apesar do ceticismo de economistas locais e do exterior, Ocampo já declarou que seu plano tem “70% de chance” de salvar o país, e que as propostas concorrentes têm apenas “30% de chance” de sucesso.

Desafio de Milei: Argentina tem déficit de US$ 3,8 bilhões

Uma grande questão que não está bem respondida por Javier Milei é como o ele pretende executar o seu plano de dolarização. Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional)a Argentina deve registrar, neste ano, um déficit em conta corrente de US$ 3,8 bilhões. Ou seja: não há moeda americana sequer para pagar os compromissos já assumidos.

Mesmo em seu livro, chamado de O fim da inflação, Milei não dá os termos do quanto precisará desvalorizar o peso para iniciar a dolarização, ou detalhes adicionais de como iria controlar uma grande contração da base monetária do país.

 

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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