Japão indicará acadêmico Ueda para presidência do BC, dizem fontes
O governo do Japão deve indicar o acadêmico Kazuo Ueda como o próximo presidente do Banco do Japão, disseram duas autoridades governamentais à Reuters, uma escolha surpreendente que pode levar o país finalmente a se alinhar com outras grandes economias no aumento dos juros.
Ueda, ex-membro da diretoria do banco central japonês e um acadêmico da Kyoritsu Women’s University, é considerado um especialista em política monetária e desempenhou um papel fundamental na luta contra a fase inicial da deflação do Japão com a introdução de grandes quantidades de compras de ativos e orientação futura para mercados financeiros.
Os rendimentos dos títulos e o iene inicialmente subiram com a notícia, que foi uma surpresa completa e alimentou as apostas de que Ueda, de 71 anos, poderia acabar com os juros superbaixos mais cedo do que se o até então principal candidato e vice-presidente do Banco do Japão, Masayoshi Amamiya, conseguisse o cargo.
A moeda japonesa reduziu os ganhos depois que Ueda, em comentários transmitidos online pela Nippon TV, disse que é apropriado que o banco central mantenha sua atual política monetária ultrafrouxa.
Ele disse que nada foi decidido sobre sua indicação.
Os investidores têm tentado repetidamente aumentar os rendimentos dos títulos do governo japonês nos últimos meses, na expectativa de que o Banco do Japão comece a eliminar gradualmente seu enorme programa de estímulo monetário quando um novo presidente assumir após o término do segundo mandato de Haruhiko Kuroda em abril.
“As políticas de Kuroda serão modificadas e a política monetária caminhará para a normalização. Mas qualquer medida será tomada com cautela para evitar qualquer efeito adverso nos mercados e instituições financeiras”, disse o ex-membro da diretoria do Banco do Japão Takahide Kiuchi.
Observadores do banco central e pessoas que trabalharam com Ueda o descrevem como um pragmático equilibrado, que é moderado na política monetária, e muito respeitado dentro do banco central.
Enquanto os bancos centrais de todo o mundo têm lutado para reduzir a inflação alta com aumentos de juros, o Banco do Japão não tem pressa em mudar sua postura ultrafrouxa com a visão de que os aumentos salariais devem acompanhar a recente inflação de custos.
Mesmo com a inflação japonesa atingindo 4% em dezembro, o dobro da meta de 2% do Banco do Japão, Kuroda tem argumentado que é muito cedo para dizer se os aumentos de preços serão sustentáveis.
O governo também nomeará Ryozo Himino, ex-chefe de vigilância bancária do Japão, e o executivo do banco central Shinichi Uchida como vice-presidentes, disseram as duas autoridades com conhecimento do assunto, falando sob condição de anonimato pois não estão autorizadas a falar publicamente.
O primeiro-ministro, Fumio Kishida, disse nesta sexta-feira que o governo deve apresentar os indicados ao Parlamento em 14 de fevereiro.