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Jalles (JALL3), Raízen (RAIZ4) ou São Martinho (SMTO3): Qual das empresas de açúcar e etanol mais brilharam em 2023?

25 dez 2023, 10:00 - atualizado em 25 dez 2023, 10:24
raízen açúcar
O ambiente para o etanol, diferente do açúcar, permaneceu desafiador durante todo o ano, em razão dos preços relativamente baixos (Imagem: Reprodução/Usina Santa Adélia)

2023 ficou marcado como um ano movimentado para as empresas de açúcar e etanol listadas na Bolsa de Valores do Brasil (B3).

Para Pedro Fonseca, da XP Investimentos, no lado positivo, os preços de açúcar atingiram patamares há muito tempo não visto,  dada a menor produção em outros grandes exportadores, notadamente Índia e Tailândia.

Além disso, após sucessivos anos de clima adverso, o El Niño permitiu um clima mais favorável, impulsionando a recuperação de produtividade. Entretanto, devido às dinâmicas de hedge e contábeis do setor, os efeitos de maiores preços e diluições de custo devem ser melhor vistos nas próximas safras.

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No lado negativo, após um 2022 de preços muito fortes, o etanol viveu um momento ruim. Primeiro, em virtude de mudanças tributárias nos combustíveis. Depois, dada a queda no preço da gasolina em virtude da política de preços da Petrobras (PETR4). Mesmo com a paridade abaixo da média, a demanda de etanol continua irracionalmente fraca, com o consumidor optando pela gasolina. Além destes fatores, altos estoques também afetaram os preços.

“No consolidado, foi um ano de resultados marginalmente fracos dada uma base de comparação mais difícil. O último trimestre do ano safra 23/24 deve começar a marcar a retomada nos resultados da estatal, na nossa visão”, explica.

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Jalles (JALL3), Raízen (RAIZ4) ou São Martinho (SMTO3): Quem se deu bem?

No acumulado dos últimos 12 meses (até a última quinta), as ações da Jalles (JALL3), Raízen (RAIZ4) e São Martinho (SMTO3) tiveram as seguintes valorizações, segundo o TradeMap.

  • JALL3: 9,8%
  • RAIZ4: 20,09%
  • SMTO3: 24,55%

Para Luis Novaes, da Terra Investimentos, as condições de mercado para o açúcar foram, historicamente, positivas para as produtoras brasileiras, diante do volume expressivamente alto da safra de cana-de-açúcar e preços em patamares relevantemente maiores em relação aos últimos anos.

“A baixa produção de açúcar na Ásia tornou a oferta restrita, especialmente na Índia, que se viu obrigada a considerar importar o adoçante ou buscar uma mix voltado para o açúcar em relação ao etanol como forma de evitar os efeitos negativos do choque de oferta. As condições climáticas no Brasil proporcionaram uma safra de desempenho forte, tornando possível uma produção quase que ao limite do açúcar, a um custo menor, considerando a diluição dos fixos”, explica.

Por outro lado, o ambiente para o etanol permaneceu desafiador durante todo o ano, em razão dos preços relativamente baixos para os combustíveis fósseis e estoques do combustível vegetal nas máximas, justamente como resultado do forte desempenho da safra colhida nesse ano.

Apesar dos esforços da Arábia Saudita de impulsionar os preços do petróleo no mercado internacional, produtores relevantes fora da OPEP, como o Brasil e EUA, seguiram produzindo fortes volumes, compensando a oferta mais restrita e permitindo cotações menores para os hidrocarbonetos, além da Rússia, que manteve a distribuição em preços abaixo do mercado, com efeito das sanções impostas pelo ocidente.

A safra brasileira também proporcionou um volume expressivo para combustíveis vegetais, o próprio açúcar e o milho, gerando uma oferta maior do que o mercado de etanol brasileiro suporta.

“Esses fatores tiveram grande impacto sobre as empresas sucroenergéticas e podem explicar o desempenho das ações dessas ao longo do ano.

Para Novaes, houve uma preferência clara dos produtores por um mix mais voltado para o açúcar e as empresas que conseguiram desequilibrar sua produção para o adoçante tiveram resultados melhores.

“Vemos a São Martinho (SMTO3) como a empresa que melhor conseguiu aproveitar essa dinâmica dividida do mercado, com os resultados do açúcar mais do que compensando a baixa lucratividade do etanol”, coloca.

A Jalles Machado (JALL3), por outro lado, apesar de ampliar sua produção de açúcar ao longo do ano, teve seus resultados penalizados em razão da maior exposição ao etanol, explica.

Por fim, o analista diz que o portfólio da Raízen (RAIZ4) é mais diversificado do que seus pares, com influência de suas operações em serviços e distribuição de combustíveis, ainda assim é possível notar os efeitos do ambiente do açúcar sobre os resultados, de custos menores a partir de diluição e preços realizadas maiores.