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Jalles (JALL3): Analistas veem resultados ‘doces’ no 3T24, à espera da entressafra; o que fazer com as ações?

13 nov 2024, 15:41 - atualizado em 13 nov 2024, 18:16
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(Foto: Divulgação)

A Jalles (JALL3) lucrou R$ 33,8 milhões no segundo trimestre da safra 2024/2025 (2T25). Na visão da XP Investimentos, a companhia reportou números sólidos, com uma receita líquida de R$ 543 milhões (+16% a/a e +6% vs. XPe), refletindo melhores preços de S&E (açúcar e etanol), enquanto a companhia começou a aumentar as vendas de VHP após o Capex de cristalização na unidade da USV (Usina Santa Vitória).

A Jalles viu seu Ebitda ajustado subir 5% ano a ano, para 321 milhões (-2% vs. XPe), uma margem menor a/a e vs. XPe devido a custos unitários de caixa mais altos do que o esperado. A casa recomenda compra para ação e preço-alvo de R$ 12,40 (potencial de alta de 137,09%).

“Além disso, a Jalles reforçou a estratégia de acumulação de estoques, destacada pela ausência de vendas de etanol hidratado no trimestre, o que vemos como uma estratégia assertiva, pois o fim da moagem do setor deve sustentar a tendência de alta nos preços na entressafra”, apontam Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.

Para o fim de 2024, melhores preços do etanol combinados com preços de açúcar hedgeados positivos devem levar a lucros positivos no restante do ano. “Embora acreditemos que ações de baixa liquidez continuarão a ser negligenciadas pelos investidores devido às condições difíceis do mercado”, completam.

O balanço da Jalles, segundo o BTG

BTG Pactual viu números decentes para Jalles, com o Ebitda impulsionado pelo início das operações da unidade de produção de açúcar VHP da USV e mais acúmulo de estoque para açúcar e etanol.

Do lado financeiro, a receita líquida chegou a R$ 543 milhões, alta de 16% a/a, mas abaixo da previsão do banco, devido a um ritmo de moagem mais lento e às vendas

“Não vemos essa perda de receita como totalmente negativa, pois reflete a decisão da empresa (e capacidade) de atrasar as vendas de etanol para a temporada de entressafra e também aponta para maiores vendas de açúcar para o restante do ano-safra”, comentam Thiago Duarte.

“A mistura de açúcar-etanol de 51%-49% se alinha com a orientação da empresa para o ano-safra e ressalta o menor impacto dos incêndios recentes nas operações da Jalles em comparação com outros pares”.

Para os analistas, uma série de fatores devem impulsionar o desempenho da Jalles daqui para frente, com a companhia se destacando com uma das poucas histórias de crescimento na indústria brasileira de açúcar e etanol, com um balanço patrimonial sólido que fornece estabilidade, o que não foi visto em outras histórias do setor de rápido crescimento.

“Estamos otimistas sobre os preços do açúcar e acreditamos que os preços do etanol ainda têm espaço para aumentar durante a temporada de entressafra. Com um valuation que parece muito atraente, sendo negociada a 17% e 19% de rendimento FCF para o AF2025 e AF2026, respectivamente, reforçamos compra para ação (preço-alvo de R$ 12 e potencial de alta de 73,91%)”, completa.

Citi não vê impactos dos incêndios

O Citi mantém uma visão positiva para Jalles Machado, apesar dos resultados ficarem abaixo das estimativas do banco.

“A Jalles atingirá seu guidance (orientação) operacional de 2024/25, sem grandes impactos dos incêndios no Centro-Sul, que ocorreram em agosto de 2024”, comentam Gabriel Barra e Pedro Gama.

Eles esperam que a empresa repita a mesma estratégia de comercialização da safra de 2023/24, concentrando as vendas de etanol hidratado no segundo semestre de 2025, para aproveitar a tendência contínua de recuperação dos preços do etanol hidratado, principalmente por causa do aperto no mercado interno, pois os estoques devem diminuir enquanto a demanda permanece robusta.

A Jalles Machado aumentou seus volumes de hedge para as safras 2025/26 e 2026/27, e começou a fazer hedge de algumas posições para a safra 2027/28.

A empresa fez hedge de cerca de 381,8 mil toneladas a R$ 2.431/t para a safra 2025/26 (de cerca de 377,0 mil toneladas a R$ 2.428/t), perto de 300,9 mil toneladas a R$ 2.444/t para 2026/27 (de cerca 153,8 mil toneladas a R$ 2.384/t) e aproximadamente 31,5 mil t a R$ 2.613/t para 2027/28, o que representa 87,7%, 69,2% e 7,2% do volume de açúcar disponível para hedge, respectivamente.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.