Política

‘Jabuti’ incluído no projeto Mover sem o debate necessário prejudica petroleiras, afirma IBP

29 maio 2024, 11:53 - atualizado em 29 maio 2024, 11:53
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Emenda foi incluída no projeto Mover, que segue para o Senado, enquanto IBP acredita em prejuízo à competitividade (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Uma emenda incluída de última hora no programa automotivo Mover, aprovado na noite de terça-feira (28) pela Câmara dos Deputados, prejudica a competitividade do setor de óleo e gás no Brasil ao estabelecer regras de conteúdo local para as atividades de exploração e produção petrolífera, disse nesta quarta-feira (29) o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

Segundo o grupo que representa petroleiras como Petrobras (PETR4), Shell e Exxon Mobil (EXXO34) no Brasil, o “jabuti” — tema sem relação direta com o assunto central do texto — foi incluído no Mover sem o debate necessário com o setor produtivo e “representa grave barreira para a viabilidade de projetos, tendo sido estabelecidos sem qualquer estudo técnico mais aprofundado”.

Exigências de maior conteúdo local para equipamentos da indústria petrolífera e fornecedores ao setor de petróleo e gás do Brasil vão na direção de anseios do governo Lula, que inclusive vê a Petrobras como importante indutora da geração de empregos e tecnologias industriais mais sofisticadas.

Uma das missões da nova presidente da petroleira estatal, Magda Chambriard, é incentivar a indústria naval, enquanto o setor privado argumenta que muitas vezes pode encontrar equipamentos a custos mais baixos no exterior.

Mover suprime poderes e prerrogativas do Ministério de Minas e Energia

O novo arcabouço aprovado na Câmara, que ainda precisa ser avaliado pelo Senado, suprime os poderes e prerrogativas do Ministério de Minas e Energia, da agência reguladora ANP e do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para fixar os índices de conteúdo local de equipamentos de acordo com as características de cada projeto petrolífero, conforme a prática internacional, disse o IBP.

Na visão do instituto, isso pode representar “possível desrespeito” a acordos comerciais internacionais dos quais o Brasil é signatário, abrindo caminho para contestações na Organização Mundial do Comércio (OMC) e em outros fóruns.

“A alteração de regras sem o debate apropriado com setores envolvidos representa uma nítida deterioração do ambiente de negócios nacional para os investimentos no setor de óleo e gás. O efeito imediato é a potencial perda de atratividade para os próximos leilões de áreas exploratórias da ANP, ameaçando o desenvolvimento de futuros projetos no Brasil”, diz a nota.

Com a conclusão da votação na Câmara, o projeto do Programa Mover vai agora ao Senado. A expectativa é de que os senadores analisem a proposta ainda nesta quarta-feira.

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