Já imaginou um Banco do Brasil sem dono? Para o CEO, seria melhor para todos
Listado no Novo Mercado da B3 (B3SA3), segmento que admite apenas companhias cujo capital social seja representado somente por ações ordinárias, o Banco do Brasil (BBAS3) é controlado atualmente pelo governo federal por uma estreitíssima margem. Segundo informa a própria área de relações com investidores de seu site, a União controla 50,0000001% das ações.
O free float (total de ações em circulação no mercado) representam 49,5%. Os restantes 0,5% estão na tesouraria do próprio Banco do Brasil. Assim, uma leve alteração de posições acionárias seria suficiente para alterar o quadro de controle da instituição – inclusive, para que não haja controlador algum.
E é precisamente esta ideia que o presidente do banco, Rubem Novaes, defendeu na tarde de ontem (8), em audiência pública no Congresso. Para o executivo, a União deveria vender parte de suas ações no mercado, diluindo sua participação.
Com isso, o banco se tornaria uma corporation, termo em inglês que designa empresas abertas, mas com capital pulverizado, a ponto de nenhum acionista ter participação suficiente para assumir o controle.
Comum em países desenvolvidos, no Brasil, o exemplo mais lembrado é o da Lojas Renner (LREN3), cujos dois maiores acionistas (o JPMorgan e a Schroder Investment) detêm, juntos, pouco mais de 12% do capital.
Bom, mas difícil
Mas, para Marcel Campos, da XP Investimentos, a proposta de Novaes é bastante difícil de implementar. Primeiro, porque necessitaria da aprovação do Congresso. Segundo, porque, atualmente, o Banco Central proíbe a existência de instituições financeiras sem controlador.
Uma alternativa, segundo Campos, seria o governo diluir sua participação e se aliar a um investidor relevante, a fim de criar um bloco de controle. Mas, mesmo isso parece remoto, a ponto de a XP não incluir uma eventual privatização do Banco do Brasil em seu cenário básico.
Não que ela fosse negativa. “Nossa visão é de que uma possível perda de controle pelo governo seria positiva para o banco. Ter flexibilidade na contratação, demissão, velocidade de mudanças ajudaria o banco a atravessar a digitalização bancária que está sendo acelerada pela pandemia do Covid-19”, afirma o analista.