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Ivan Sant’Anna: Xi Jinping piscou primeiro

07 ago 2019, 14:26 - atualizado em 07 ago 2019, 14:26

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Em todo o mundo, as bolsas de valores foram uma festa para os ursos na segunda-feira e, por conseguinte, uma tragédia para os touros.

Como se sabe, Donald Trump reagiu à queda do yuan para o nível de sete por um contra o dólar acusando, através do Departamento do Tesouro, a China de estar manipulando sua moeda. Foi mais uma etapa da guerra comercial entre os dois países.

Os dois chefes de Estado se encaravam olho no olho, num combate singular. E Jinping piscou primeiro, mandando (ninguém me disse isso, mas tenho certeza que a ordem partiu dele), valorizar o yuan, que parou de pintar o sete.

Como o Ibovespa desabara (tendo em alguns instantes sendo negociado abaixo dos 100 mil pontos) na segunda-feira, única e exclusivamente em função do Dow Jones, do S&P500 e do Nasdaq, e ontem estes três últimos se recuperaram após a piscada do chinês, a Bolsa de São Paulo anulou a maior parte de suas perdas.

O índice subiu 2.066 pontos (+ 2,06%), fechando a 102.164. Está agora a 4.486 pontos de sua máxima histórica (106.650).

Nos próximos dias, embora sempre mantendo um olho em Washington e Pequim, o mercado brasileiro de ações vai se voltar para o fundamento interno que o influencia pra valer desde a posse de Jair Bolsonaro: reforma da Previdência.

Quando terminei de escrever este texto, por volta das 23h30 de ontem (terça-feira), as discussões na Câmara dos Deputados sobre a votação da PEC em segundo turno continuavam.

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As tentativas de desmanche por parte da Oposição eram sempre derrotadas por larga margem, placares como 355 a 11, 349 a 12 e 353 a 10. (Nota do editor: o texto principal da reforma acabou sendo aprovado no início da madrugada de hoje por 370 votos a favor)

Em se tratando de Câmara, o governo pode ficar tranquilo. Resta saber como será a tramitação no Senado Federal. As perspectivas são boas.

Isso quer dizer que o Ibovespa romperá seu high histórico agora em agosto? Não necessariamente. O índice já pode estar precificando isso.

No mês passado, os investidores estrangeiros retiraram 6,5 bilhões de reais da bolsa brasileira. Suponho que anteontem deve ter saído no mínimo mais uns 500 milhões. Arredondando: R$ 7 bi.

Essa dinheirama está sendo compensada pela migração de recursos de brasileiros que estão saindo dos títulos de renda fixa para ações, já que o Banco Central, após ter cortado meio ponto da taxa Selic, insinua novo corte de igual dimensão.

A consequência disso tudo é que, se chineses e americanos não aprontarem mais uma falseta, o mercado de ações daqui vai subir durante esse processo de votação da PEC previdenciária nas duas casas do Congresso.

No dia seguinte ao da aprovação final da reforma, a Bolsa deverá fazer uma boa correção, no já batido “ buy the rumor, sell the fact”.

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