Ivan Sant’Anna: Um cabo, um soldado e um jipe
Caro leitor,
E se atrás do jipe com o cabo e o soldado houver uma turba furiosa de 300 mil pessoas?
Em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, por ocasião da Copa das Confederações realizada no Brasil, houve manifestações populares em todo o país. Não eram pacíficas. As pessoas queimavam ônibus, depredavam e saqueavam lojas, bloqueavam ruas e estradas com barreiras de pneus queimados.
Nunca se soube exatamente o que esses “revoltosos” pretendiam. O movimento se assemelhou, embora com intensidade bem menor, ao que aconteceu em Paris durante o ano de 1968, movimento esse que se expandiu para os Estados Unidos (lá, contra a guerra do Vietnã), Praga (contra o domínio soviético) e mesmo para o Brasil (contra o regime militar).
Aqui, dele resultou o AI-5, assinado em 13 de dezembro de 1968, que, entre outras medidas, suprimiu as garantias individuais.
Pois bem, caro amigo leitor, onde estou querendo chegar?
A situação político-econômica brasileira está chegando a um ponto insustentável. Vários dispositivos constitucionais terão de ser quebrados, nem que seja na marra.
No século 18, a Revolução Francesa extinguiu o direito divino da monarquia. O movimento de independência dos Estados Unidos, que expulsou as forças armadas inglesas, era uma insubordinação contra a Coroa britânica.
Aqui nas terras tupiniquins, o Grito do Ipiranga tomou de Portugal o que, ao modo de ver da corte portuguesa, era território seu. A Lei Áurea tornou nulos os títulos de posse dos donos dos escravos, sem lhes pagar indenização alguma e a Proclamação da República foi uma quartelada que deu certo.
Guardadas as proporções, no Brasil a letra da lei, mesmo que escarvada numa cláusula pétrea, simplesmente não poderá prosseguir impedindo os governos federal e estaduais de usar seus cofres para promover o bem-estar da população.
O dinheiro já chega ao Tesouro rubricado para manter as sinecuras de uma casta de privilegiados.
Um cabo, um soldado e um jipe são apenas figura de retórica. Mas algo vai acontecer. E será de repente, quem sabe no meio da noite. Ou alguém acha que uma cidade como o Rio de Janeiro pode continuar sendo governada por traficantes e milicianos?
Essa revolução brasileira será boa para o mercado financeiro, que não pode se limitar apenas a avaliar o dia de amanhã, ou de depois de amanhã.
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Um abraço,
Ivan Sant’Anna