Ivan Sant’Anna: Presidente falastrão, cronista confuso
Caro leitor,
À minha primeira crônica Warm Up Pro deste ano, publicada no dia 3 de janeiro, dei o título de O Ibovespa já fez a mínima de 2019. Estando o índice agora quase 20% acima do low do primeiro pregão anual, que foi de 87.535, é altamente provável que a previsão se materialize.
Aliás, ao longo destes dez meses de governo Jair Bolsonaro, aquele nível do início jamais foi testado.
Recentemente, noutro artigo da Warm Up Pro, publicado no começo de outubro, escrevi: “ Acho que a máxima (do ano de 2019) também já aconteceu, a 106.650, no dia 10 de julho…”
Bem, esta última afirmativa é bem possível que se mostre errada, estando o Ibovespa tão próximo de seu high histórico. Meu saudoso guru londrino, Edwin (Ted) Arnold (1935/2015), sempre me dizia:
“Ivan, se você for fazer uma previsão de alta ou de baixa de determinado mercado, não fixe um valor. Mas, se não tiver outra opção, não marque um prazo. Essas coisas são pura adivinhação.”
E não é que em minha recente Warm Up intitulada Vento de popa, digitei: “ … tudo indica que daqui até o final do ano bateremos um novo recorde”.
Alguns leitores chiaram. Vejam só o que me escreveu Y J: “ Você muda rapidamente de ideias… Outro dia falou que o high do ano já tinha sido atingido, agora vê possibilidades de ultrapassá-lo”.
Vou tentar explicar o que está provocando minha volatilidade pessoal. E espero que o caro amigo leitor não considere isso uma desculpa esfarrapada.
Com taxas de juros reais próximas de zero, e até ameaçando se tornarem negativas, o normal é que os investimentos migrem para renda variável. Junte-se a isso um governo que está conseguindo fazer reformas importantes, além de promover e planejar privatizações em massa, era para o Ibovespa estar próximo dos 120 mil, 130 mil.
Ocorre que Bolsonaro faz algo que jamais vi um presidente da República brasileiro fazer. Lavar roupa suja em público, sair no pau com seu próprio partido, bater boca com jornalistas e transeuntes na porta do palácio. O capitão Jair diz o que lhe vem na telha sem pensar nas consequências.
Como se não bastasse, parece que dá muito mais importância aos próprios filhos do que aos filhos da pátria.
Esses procedimentos passam intranquilidade ao mercado. “ E se o capitão de repente cisma de encrencar com o…. (nem vou citar o nome para não me chamarem de “secador”).
Estatísticas de desemprego, produção industrial, vendas do comércio, entre outros indicadores, mostram que o Brasil já fez um fundo em seu marasmo econômico e começa a se recuperar.
Falta só o presidente da República calar a boca ou limitar seus vitupérios ao limite das paredes de seu gabinete.