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Ivan Sant’Anna: Para quem nunca aplicou em Bolsa

05 nov 2019, 12:19 - atualizado em 05 nov 2019, 12:19
Para encorajar quem vive de renda fixa a aplicar pelo menos metade de seus investimentos em boas ações da B3, vou relembrar três bull markets dos últimos 50 anos

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Esta crônica está sendo escrita para quem nunca pôs um centavo na Bolsa. Não, não se trata de uma raridade. Estou falando da grande maioria dos brasileiros. Apenas um milhão e meio de CPFs estão registrados na B3.

Enquanto isso, aproximadamente seis em cada dez investidores têm dinheiro aplicado na caderneta de poupança. Por outro lado, e esse lado é importantíssimo, comparando-se o rendimento da caderneta com o da inflação, quem põe dinheiro lá está perdendo.

Tesouro Direto, fundos de investimento e CDBs são o destino de mais ou menos um quarto dos aplicadores. Esse pessoal está ganhando uma merreca e começando a entrar no vermelho.

Lógico que a turma da renda fixa está olhando para a Bolsa com uma tremenda vontade de entrar. Aí o cara dá uma olhada nos históricos do mercado, ou examina os gráficos, e vê que o Ibovespa subiu 182% nos últimos três anos e dez meses, contra uma inflação acumulada de 16% no mesmo período.

Ao invés de estimular a transferência do dinheiro para o mercado de ações, essa comparação dá medo. “Vai ser eu entrar e o mercado começa a cair. Perdi a vez.” Eles estão dizendo isso há um ano.

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Para encorajar quem vive de renda fixa a aplicar pelo menos metade de seus investimentos em boas ações da B3, vou relembrar três bull markets dos últimos 50 anos.

Entre fevereiro de 1967 e julho de 1971, o IBV, índice da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (então a mais representativa), praticamente decuplicou (sim, decuplicou), já descontada a inflação. Não houve crash naquela época. O mercado simplesmente virou rumo sul e caiu durante uma década.

A principal causa da queda de 1971 foi o excesso de lançamentos (ainda não se usava o termo IPO no Brasil), incluindo aí empresas sem o menor potencial de gerar lucros, a não ser para seus promotores. Isso sem contar a roubalheira que grassava no pregão da Bolsa e na gestão dos fundos de investimento em ações.

Outro bull market interessante foi o de 1986, do Plano Cruzado, que mudou a moeda e congelou salários e preços. A alta das ações durou só dois meses. Mas rendeu 150% para aqueles que pularam fora ao perceberem que a inflação oficial não representava a realidade, com o comércio praticando ágios cada vez maiores, e que o barco Brasil iria fazer água.

O terceiro foi o do governo Lula. Com o Tesouro apresentando superávit primário, herança de FHC, e as commodities em alta por causa do boom chinês, o Ibovespa subiu 500%. Em dólar, que não fazia outra coisa a não ser cair, a alta foi mais do que o dobro: 1.200%. Culminou com o Brasil recebendo investment grade das agências classificadoras de risco. Como toda festa tem um fim, essa acabou com a crise do subprime.

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