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Ivan Sant’Anna: Os profissionais

15 out 2019, 11:48 - atualizado em 15 out 2019, 14:01
O colunista Ivan Sant’Anna explica o modus operandi de alguns especialistas que conheceu em sua longa trajetória por Bolsas e futuros, pessoal que só atua em determinado estilo (Imagem: Pixabay)

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Entre os leitores de minhas newsletters, há iniciantes no mercado financeiro, pré-iniciantes (gente que já se interessa por ações, câmbio e commodities, mas ainda não teve coragem de entrar para valer), investidores, especuladores e profissionais.

Resolvi hoje falar destes últimos. Mais do que isso, explicar o modus operandi de alguns especialistas que conheci em minha longa trajetória por Bolsas e futuros, pessoal que só atua em determinado estilo.

Trend followers (seguidores de tendência) – Certa ocasião, falando para uma plateia, Marcio Noronha, um dos faixas-pretas da análise técnica no Brasil, contou o caso de um trader que examinava um gráfico. Eis que se aproximou sua filha de sete ou oito anos.

“Pai, tá subindo”, ela disse.

Ao ver um gráfico, qualquer pessoa percebe de cara se o ativo em questão está em alta, em baixa ou em trading range (oscilando entre duas linhas; acima, a de resistência; abaixo, a de suporte).

No chute, diria que pelo menos metade dos gestores e traders profissionais se utiliza de instrumentos técnicos para operar suas carteiras. Sempre usando stops defensivos, compra quando o mercado está subindo; vende a descoberto durante os períodos de queda. Grafista que se preza não dá a menor pelota para os fundamentos.

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Fundamentalistas – Estudam os acontecimentos e, baseados neles, tomam suas decisões. Se acham que o Fed vai adotar uma política dovish (expansionista), compram ações, títulos do Tesouro (cujo PU – preço unitário – vai subir), “shorteiam” o dólar contra outras moedas.

Contrarians (“do contra”, em tradução livre) – Trabalham comprados quando o mercado está caindo e vendidos nos momentos de alta. “Mas como”, pode estar questionando o leitor. “Esses caras gostam de jogar dinheiro fora?”

Nada disso. Nenhum ativo sobe ou desce linearmente. Sempre há momentos de correção. Os “contrários” se aproveitam dessas oportunidades para vender em bull markets e comprar em bear markets, sempre remando contra a correnteza.

São especialistas em detectar o clímax da ganância dos comprados e o auge do pânico dos vendidos, ocasiões em que sempre o mercado faz um ajuste abrupto.

Time Sellers (vendedores do tempo) – Durante meus tempos de trader em Chicago e Nova York, essa era a operação que mais apreciava. Usando o método Black & Scholes, modelo matemático que detecta o preço justo de uma opção, sempre que o mercado exagerava eu vendia calls e puts.

Me dava bem na maioria das vezes. Mas, nas poucas em que perdia, entregava boa parte dos lucros. Vendedores do tempo só devem atuar em mercados de grande liquidez, para que possam pular fora na hora em que a call ou put que venderam disparam feito uma locomotiva desgovernada.

Ao longo dos anos, um time seller competente e paciente (é preciso esperar a hora exata de vender opções a descoberto) sai ganhando. Mas precisa ter nervos de aço.

Bottom picker (detector de fundos) – É aquele que compra na bacia das almas, quando ninguém dá mais nada por aquele ativo. Digamos que determinada empresa entrou em recuperação judicial. Suas ações caíram de 120 reais para 38 centavos. Mas há uma chance remota de ela sair da situação, de surgir um comprador que vá tirá-la do buraco.

É muito mais fácil uma ação de 38 centavos subir 100% para 76 centavos em questão de dias, do que de 120 reais para 240 reais.

Top finder (detector de topos) – Oposto do bottom picker, o top finder é aquele que consegue, seja através de instrumentos técnicos, seja de percepção aguda, detectar o momento em que um bull market chegou ao fim. Isso acontece quando o otimismo é tanto que todos que queriam comprar já compraram. Nessas oportunidades, o mercado sempre desaba.

Caro amigo ou amiga, quem sabe você não pretenda criar seu próprio estilo e fazer dele um meio de vida. Se estiver disposto a isso, aconselho um longo período de simulação, jogar sem valer os três pontos para ver se sua nova teoria funciona.

Tenho certeza de que neste exato momento, manipulando traços e números em seu laptop ou tablet, alguém, em algum lugar do mundo, está trabalhando em algo revolucionário. Tomara que seja você, mocinha. Ou você, rapaz.

Agora deixo você nas mãos de meu colega Luiz Cesta, que gravou um vídeo rápido com um interessante método de investimentos. Sugiro que assista ainda hoje! Ele é parte de uma minissérie especial que a Inversa está produzindo para todos os investidores que nos leem por aqui.

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