Ivan Sant’Anna: Oportunidade à vista
Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite
Antes de mais nada, caro amigo leitor, quero pedir desculpas por uma asneira histórica e geográfica que escrevi na crônica de ontem. Mencionei uma anexação de Goa pela China, coisa que nunca aconteceu, mesmo porque Goa fica a 3.500 quilômetros de distância da fronteira chinesa mais próxima.
Quem se apoderou de Goa foi a Índia.
Como tenho o hábito de escrever de memória, de vez em quando dou esse tipo de mancada. Ainda bem que o erro não alterou a essência do artigo, que tinha como objetivo falar sobre as relações entre China e Hong Kong. Mais uma vez, desculpem-me.
Como o dólar ultrapassou a marca dos R$ 4,00, alguns analistas estão estimando altas maiores para a moeda americana. Os gráficos também apontam isso.
De minha parte, não vejo muita chance de nova arrancada substancial acontecer. Superávits crescentes da balança comercial não permitirão.
Por volta da segunda metade dos anos 1980, a gente considerava o dólar estável em relação ao cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruz credo, etc. (tantas foram as moedas) quando subia um por cento a cada dia útil. Pois era essa a inflação brasileira.
Certa ocasião, justamente nessa época, estando eu comprado numa grande posição de ouro futuro na Bolsa de Mercadorias de São Paulo (Bolsinha) e vendo o dólar paralelo (que, junto com a cotação na Comex, determinava o preço do metal no Brasil) subir menos do que os tais um por cento ao dia (portanto, teoricamente, cair), encontrei num restaurante o diretor-presidente da financeira Cédula, Michael Stivelman. Ele era um dos maiores entendidos em câmbio no Rio.
“O que está acontecendo com o dólar? Não está muito baixo?”, perguntei.
“Muita exportação”, foi sua resposta seca, objetiva e clara.
Pois bem, trazendo esse cenário para os tempos atuais não inflacionários, com o dólar alto os produtos brasileiros vão ficar muito baratos no exterior. Isso vai frear a alta da moeda americana, independentemente do nível de taxas de juros tanto nos Estados Unidos como aqui.
As empresas exportadoras brasileiras vão ganhar muito dinheiro, bem mais do que imaginavam há pouco tempo.