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Ivan Sant’Anna: Novas lideranças

16 jul 2019, 14:25 - atualizado em 16 jul 2019, 14:25

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Como o segundo turno da apreciação da PEC previdenciária no plenário da Câmara dos Deputados ficou para agosto, e ainda falta a votação no Senado, dificilmente a Bolsa fará novos highs antes que as coisas se decidam para valer.

A máxima histórica do Ibovespa, 106.650, alcançada há seis dias, não deverá ser testada, muito menos rompida. Não com essa pendência pairando sobre o mercado.

Felizmente, para o país, alguns congressistas estão, como dizem os comentaristas de futebol, “chamando para si a responsabilidade” de governar, já que o Palácio do Planalto insiste em decidir sobre irrelevâncias.

Se o presidente Jair Bolsonaro foi pego pescando irregularmente numa reserva ambiental, ele agora tenta transformá-la em resort turístico. Acha que pode construir ali, no litoral sul fluminense, uma nova Cancún.

Não se dá conta de que a instância praiana mexicana tem um índice pluviométrico anual de 999 mm, ao passo que em Paraty, onde o capitão foi pescado pescando, esse número sobe para 2.284 mm. Só para efeito de comparação, na cidade de São Paulo, a “terra da garoa”, caem 1.441 mm de chuva por ano.


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É preciso argumentar mais? Vamos lá. O presidente pensa em nomear seu filho embaixador do Brasil nos Estados Unidos. “Fala inglês e espanhol e é amigo dos filhos de Trump”, argumenta. “E sei fritar hambúrgueres”, complementa o rebento Zero Três.

Para uma embaixada que já teve titulares como Paulo Tarso Flecha de Lima, Rubens Ricupero, Marcílio Marques Moreira, Sérgio Correa da Costa, João Batista Pinheiro, Roberto Campos, Walther Moreira Salles, Oswaldo Aranha, etc., receber um autoproclamado chapeiro de cheese e eggs burgers, é um baita de um downgrade.

Se for ficar escrevendo aqui sobre as parvoíces bolsonarianas, este texto não terá fim. E olhem que votei no capitão para me ver livre do PT.

A boa notícia é que o Congresso Nacional percebeu o que está acontecendo.

“Deixa o homem cuidar do tráfego nas estradas”, diz um deputado.

“Ou decidir se Adolf Hitler era de direita ou de esquerda”, reforça outro.

Com a Câmara, o Senado, e o STF em recesso, e o Executivo funcionando a pleno vapor, é praticamente impossível que o Brasil dê um passo firme à frente. Mas também não poderá dar marcha a ré irrecuperável.

Neste breve hiato de um poder só, algumas ideias interessantes estão surgindo. O senador Tasso Jereissati, por exemplo, provável relator da reforma da Previdência na Casa Alta, quer reincluir os estados e municípios no projeto.

É bem capaz de termos uma presença atuante do Parlamento nos três anos e meio que faltam para o fim da atual legislatura.

Isso é uma ótima notícia. Quem sabe, quem sabe, não, muito provavelmente o Brasil já deixou o pior para trás.

Se Jair Bolsonaro tem popularidade declinante, por outro lado as esquerdas estão cada vez mais fracas politicamente.

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