Ivan Sant’Anna: Na prática, 2019 acabou
Caro leitor,
Embora as bolsas continuem funcionando, não é exagero dizer que 2019 chegou ao seu final.
Nos Estados Unidos, a partir do feriado de Ação de Graças (Thanksgiving Day), depois de amanhã, e da Black Friday, no dia seguinte, o mercado entra em marcha lenta no período de festas de fim de ano. Só volta para valer no primeiro dia útil de 2020.
Aqui no Brasil, o recesso branco dura um pouco mais. Vai até fevereiro, quando reabrem os trabalhos no Senado e na Câmara dos Deputados. No STF, recomeçam em 6 de janeiro.
Como, ao longo do ano, a Bolsa de valores foi muito influenciada por decisões dos poderes Legislativo e Judiciário, nesse período as coisas irão mais devagar. É comum também que os traders tirem férias na ocasião.
O próprio ministro Paulo Guedes já declarou que 2019 já era e que a Reforma Administrativa, próximo avanço importante da administração Jair Bolsonaro, ficará para o ano que vem.
Ontem o relatório Focus, do Banco Central, apresentou novidades. Nada palpitante, mas surgiram alguns sinais de mudanças nas expectativas, mesmo que sutis.
A projeção de inflação deste ano subiu de 3,33% para 3,46%. A estimativa de crescimento do PIB de 2019 deu uma melhorada: de 0,92% para 0,99%, muito abaixo do alvo do governo, quando tomou posse, mas mesmo assim espantando o fantasma da recessão, que chegou a ser cogitada pelos analistas em determinado momento.
O Focus agora estima o dólar no fim do ano cotado a R$ 4,10 e a Selic terminando 2020 em 4,50% contra uma expectativa na semana anterior de 4,25%. Isso se deve provavelmente à declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que se o dólar subir muito será reprimido por política monetária ao invés da cambial.
Trocando em miúdos, Campos conterá a alta da moeda americana, caso ela dispare, elevando a taxa Selic e não vendendo nossas reservas.
Durante todo o ano de 2019, China e Estados Unidos fizeram os jornalistas e analistas de mercado de palhaços, ora dizendo que as negociações comerciais dos dois países se encaminhavam para um impasse, ora garantindo que um acordo era iminente.
Para mim, a situação é clara: os chineses querem continuar exportando o máximo possível para os Estados Unidos, o grande comprador de seus produtos industriais; Donald Trump quer o que for melhor para sua reeleição daqui a um ano.
A situação de Trump é complicada. Primeiro porque ele tem uma data limite para suas decisões: 3 de novembro de 2020, dia das eleições. Xi Jinping joga com o fator tempo a seu favor.
Um abraço.