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Ivan Sant’Anna: meu ofício de broker ficou para trás

10 dez 2019, 13:42 - atualizado em 10 dez 2019, 13:42
Entre 1983 e 1995, Ivan Sant’Anna trabalhou única e exclusivamente como trader broker das bolsas de commodities e futuros de Nova York e Chicago (Imagem: Dario Pignatelli/Bloomberg)

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Sempre que indico uma ótima oportunidade de especulação nos mercados internacionais, recebo uma avalanche de e-mails de leitores. A maioria apenas comenta o assunto, mas há alguns que pedem para ensinar como fazer a operação.

Na semana passada, um assinante queria me entregar dinheiro. Eu faria o trade (de açúcar futuro em Nova York) e depois racharíamos o lucro.

Acho importante deixar assinalado que faço minhas análises e escrevo minhas sugestões, mas não sou broker. Muito menos agente autônomo ou representante de uma das corretoras internacionais. Deixei de fazer isso em 1995, quando passei a ser escritor, cronista, palestrante e até roteirista − durante seis anos escrevi as séries Carga Pesada Linha Direta.

Entre 1983 e 1995, trabalhei única e exclusivamente como trader broker das bolsas de commodities e futuros de Nova York e Chicago. Mais tarde, quando saí da profissão, tive duas recaídas. Mesmo assim foram aplicações minhas, para as quais usei o dinheiro dos direitos de filmagem de meu livro Os mercadores da noite The Sunday Night Traders na versão em inglês) para comprar ações da Martin Marietta (empresa de alta tecnologia) na Bolsa de Nova York. Sem alavancar.

Por ocasião da gestão Graça Foster na Petrobras, quando muitos analistas estrangeiros acharam que a companhia poderia falir, comprei, no mercado de San Juan de Porto Rico, obrigações de 10 anos da empresa, com enorme deságio, consciente de que o pior que poderia acontecer seria o Tesouro brasileiro (vale dizer, nós, contribuintes) cobrir qualquer passivo a descoberto.

Nessa operação também não alavanquei, embora tenha quase dobrado o dinheiro investido quando Pedro Parente assumiu a presidência, no governo Temer.

Ivan Sant’Anna passou a aplicar dinheiro num fundo de renda fixa que, segundo ele, “mal cobre a inflação, se é que cobre”

Depois tornei-me o investidor mais careta do mundo. Aplico meu dinheiro num fundo de renda fixa que, tirando a taxa de administração e o imposto de renda, mal cobre a inflação, se é que cobre. Meu rendimento é o trabalho.

Os dólares que tinha lá fora desde 1966, internei no Brasil, pagando 15% de imposto de renda e 15% de multa quando, em 2014, o governo sancionou a lei de repatriação.

Voltando ao início deste artigo, fico até com medo de fazer um prognóstico para os mercados externos. Isso porque alguns assinantes querem que eu mostre como abrir uma conta no exterior, como remeter o dinheiro e como operar.

Gostaria de lembrar que tenho centenas de milhares de leitores e que não posso atendê-los como broker. Aliás, nem sei mais fazer isso. Tudo deve ter mudado desde que larguei a profissão.

Outra coisa que me assusta é que, quando escrevo que acho que o açúcar, por exemplo, vai experimentar um bull market colossal, e que isso poderá ser o trade da vida de um especulador, alguns querem comprar no dia seguinte, com minha assessoria pessoal.

Nós, da Inversa, trabalhamos com indicações de investimento. Explicitando: sugerimos aos leitores operações que têm tudo para ser rentáveis, não raro extremamente rentáveis. Poucas resultam em prejuízo, pois nosso ofício é estudar exaustivamente o mercado.

Mesmo quando eu era broker nos mercados internacionais, não cuidava de remeter o dinheiro de meus clientes para o exterior. Em primeiro lugar, muitos eram americanos, ou brasileiros residentes nos Estados Unidos. Outros já tinham o dinheiro lá fora.

Se havia uns que usavam doleiros, não era problema meu. O importante é que eles só podiam operar quando o dinheiro já estava na conta. Se você, caro amigo leitor, quer fazer seus trades no mercado americano, temos uma série que ensina a fazer isso.

Mais tarde, converse com seu banco e veja como fazer a remessa e quais os impostos ou taxas que irá pagar pela transferência e como irá declarar (e pagar o IR devido) em caso de lucro.

Sempre que achar que tem uma operação com enorme potencial, vou indicá-la em minhas newsletters. Mas minha função, aqui nestes textos, termina aí.

A partir de minhas sugestões, a Inversa costuma produzir conteúdos que ajudem os assinantes a colocarem tudo em prática.

Espero não ter decepcionado ninguém. Mas, para voltar a ser corretor, teria de largar a Inversa, conseguir um novo certificado de foreing broker e começar tudo de novo. Isso está fora de minhas cogitações.

Saí do jogo.

Um abraço,

Ivan Sant’Anna.

Se você quiser fazer comentários, elogios, críticas, dúvidas ou sugestões ao autor desta newsletter, só enviar ao e-mail warmup@inversa.com.br.

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