Opinião

Ivan Sant’anna: Mercado de um fundamento só

08 jan 2019, 11:16 - atualizado em 08 jan 2019, 11:16

Ivan Sant’anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Nos próximos meses ou, quem sabe, em prazo pouco menor, a Bolsa de Valores estará olhando para um único fundamento: Reforma da Previdência.

Desde o início da gestão Bolsonaro, o Ibovespa fez novos highs históricos. Essas máximas poderão se constituir numa muralha se os players da Bolsa sentirem que a reforma não sai, ou sai canhestra, repleta de jabutis que a descaracterizam.

Por outro lado, se o Congresso aprovar aquela PEC enviada por Michel Temer, que está na boca da caçapa, já acolhida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o mercado de ações fará máximas atrás de máximas e ultrapassará, com facilidade, os 100.000 pontos.

Resta saber a quantas andamos.

O primeiro passo acontecerá ainda na seara do Executivo. Se o ministro da Economia, Paulo Guedes, entrar em acordo com o presidente Jair Bolsonaro, que andou esfriando os ânimos dos investidores ao ventilar hipóteses modestas (os tais 62 para os azuis e 57 para as róseas) e optar pelo tudo ou nada, passaremos aos playoffs (Câmara e Senado), com duas rodadas em cada Casa.

Aí caberá ao governo obter os 308 votos necessários para a aprovação da PEC na Câmara e 49 no Senado. É difícil, mas não muito difícil. Presidente em início de mandato, ainda mais com os governadores dos estados e prefeitos dos municípios comendo em sua mão para se livrarem de seus respectivos déficits (dos quais a rubrica “gastos previdenciários” é a que pesa mais na balança), consegue coisas que mais adiante seriam impossíveis.

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Aliás, não fosse a famosa gravação no Jaburu, aquela do “tem que manter isso aí, viu?”, a Previdência já teria sido reformada. Assim como teria se o deputado Antonio Kandir, em maio de 1998, não tivesse votado errado. Sim, ele, um dos maiores defensores da reforma, apertou o botão “abstenção” em lugar do “sim”, quando a PEC que instituía a idade mínima foi votada.

Resultado final: 307 votos a favor, 148 contra e 11 abstenções, no mais trágico gol contra da história do legislativo brasileiro. Se o diabo não tivesse atentado e mexido no “dedo bobo” de Kandir, a idade mínima (naquela época 60 anos para os azuis, 55 para as rosadas) já estaria em vigor há 20 anos.

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Agora, de acordo com as intenções de Paulo Guedes, a reforma precisa fixar a idade mínima de aposentadoria em 65 anos, ter uma regra de transição justa e unificar os sistemas previdenciários público e privado.

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