Ivan Sant’Anna: I love you, president Xi
Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite
Caro Leitor,
Durante o feriado brasileiro de 15 de novembro, com a B3 fechada, o S&P500 fez novo high histórico a 3.120,46.
Aqui também foi um dia auspicioso, não por causa do 130º aniversário da Proclamação de República, mas pelo desfecho da reunião dos BRICs em Brasília.
Durante o evento, o presidente Xi Jinping, além propor um acordo comercial e tarifário com o Brasil, pôs 100 bilhões de dólares à nossa disposição, sendo 15% desse valor logo que o Brasil assine o tratado com Pequim.
Alguns industriais brasileiros chiaram. Disseram que não há como competir com os preços dos manufaturados chineses. Mas nosso setor de agronegócios, assim como o de matérias-primas em geral, vibrou com a possibilidade de um incremento de nossas exportações para a China.
Vale lembrar a Reagonomics (da época em que os republicanos não eram protecionistas), quando, logo após ser eleito, o presidente Ronald Reagan reduziu as tarifas de importação nos EUA, de modo que a indústria americana fosse obrigada a ser internacionalmente competitiva.
Aqui no Brasil, durante a campanha eleitoral, o candidato Jair Bolsonaro disse que a China poderia comprar “no” Brasil, mas não “o” Brasil.
O interesse do capitão se concentrava nos Estados Unidos, a ponto de abrir mão de nossas prerrogativas na OMC para receber, em troca, o apoio dos americanos à nossa entrada na OCDE.
A rasteira típica de Donald Trump não se fez esperar. Preferiu indicar a Romênia e a Argentina Kirchnerista em nosso lugar. Na Assembleia Geral da ONU, Bolsonaro, após um discurso totalmente a favor dos Estados Unidos, ainda mandou um I love you para Trump, que ignorou a bajulação.
“ I think I know this guy from somewhere”, é possível que Donald tenha comentado com um dos seus aspones.
Semanas mais tarde, os americanos mantiveram o boicote à carne brasileira. Pois bem, parece que Bolsonaro está aprendendo a lição. A China é o maior investidor do mundo. Eles têm 3,12 trilhões de dólares aplicados em títulos do Tesouro americano, a taxas de juros reais negativas. Mas agora estão disseminando investimentos pelo mundo.
Se os chineses construírem ferrovias, rodovias, portos, hidroelétricas e aeroportos em nosso território, não poderão pô-los nas costas e levá-los, caso haja alguma divergência conosco.