Ivan Sant’Anna: Herança trágica da Argentina
Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite
Caro leitor,
Após ficar durante meses antenada na reforma da Previdência, que se encaminha para um desfecho favorável ao mercado, ontem a Bolsa de São Paulo levou um tombaço, influenciada por fundamentos externos.
Nas eleições primárias de domingo na Argentina, o candidato kirchnerista, Alberto Fernández, derrotou o presidente Mauricio Macri. A vitória da oposição já era esperada, mas não por uma diferença de 15 pontos, que foi o que ocorreu.
Ao mesmo tempo, houve um agravamento da crise entre China e Hong Kong, fora a deterioração da guerra comercial entre chineses e americanos. Talvez os presidentes Donald Trump e Xi Jinping não mais se encontrem em setembro, como estava previsto.
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Bombardeado por tantas notícias ruins vindas lá de fora, não havia mesmo como o Ibovespa não sofrer forte desvalorização.
Tudo indica que Fernández vencerá Macri nas eleições de outubro. Mas não estou convencido de que, já na Casa Rosada, ele vá manter a política de Néstor e Cristina Kirchner, oportunidade em que a economia desandou, como está desandando agora.
Na Argentina tudo pode acontecer, e acontece. Quem sabe Alberto Fernández, caso eleito, encontre seu Posto Ipiranga e arrume as contas do país.
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Uma coisa é certa: se voltar à política demagógica e populista dos Kirchner, com o Tesouro sem reservas no exterior, logo os argentinos estarão batendo bumbo nas ruas e bradando alternadamente “viva” e “fuera”, que é o que vêm fazendo há anos, após o fim da ditadura militar.
“Viva Alfonsin”, “Fuera Alfonsin”; “Viva Menem”, “Fuera Menem”; “Viva Duhalde”, “Fuera Duhalde”; “Viva Néstor”, “Viva Cristina”, “Fuera Cristina”; “Viva Macri”, “Fuera Macri”…
Houve um presidente peruano, Alan Garcia, que governou duas vezes: de 1985 a 1990, período no qual foi um demagogo populista de esquerda, que por pouco não quebrou o país; e de 2006 a 2011, quando optou por um liberalismo econômico que poderíamos classificar como de direita.
É verdade que Garcia acabou se suicidando recentemente, oito anos após ter deixado a presidência, na hora em que seria preso por ter recebido propinas da Odebrecht (o que não fez dele uma exceção na Latinoamerica).
A queda da Bolsa brasileira ontem não tinha como não acontecer, com Nova York desabando e a Argentina, bem… a Argentina voltando ao seu imbróglio normal, trágica herança de um homem que não morre nunca: Juan Domingo Perón.
O Boletim Focus desta semana prognosticou, para o fim de 2019, Selic a 5% e inflação a 3,76%.
Com esse nível de taxas de juros reais, comprar ações brasileiras para receber dividendos continua sendo a pedida mais sensata. E se elas caírem mais em função do cenário internacional, o retorno será ainda maior.
Um abraço.