Opinião

Ivan Sant’anna: Desce do palanque, Jair!

12 fev 2019, 13:50 - atualizado em 12 fev 2019, 13:50

Ivan Sant’anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Durante um pronunciamento pela TV feito anteontem de sua cama na unidade de tratamento semi-intensivo do hospital Albert Einstein, o presidente da República, Jair Bolsonaro, deu mostras de que sua saúde está em franca recuperação.

Após a retirada da sonda nasogástrica e do dreno abdominal, Bolsonaro mostrou-se muito bem disposto. Seu ânimo deve estar ainda melhor agora que foi para o quarto onde, aos poucos, a nutrição parenteral (nutrientes recebidos pelas veias) está sendo substituída por uma alimentação normal.

Eufórico com a proximidade do fim do tratamento, o presidente se dirigiu verbalmente aos brasileiros de todas as classes sociais, ao contrário de seus habituais tweets, não raro escritos pelo filho Carlos.

Nessa fala, era mais do que hora de o presidente dar uma injeção de estímulo às classes produtoras, aos adeptos da livre iniciativa e ao mercado financeiro. Afinal de contas, foram suas ideias progressistas (na verdadeira acepção da palavra) que fizeram a diferença nas eleições.

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Pois bem, Jair Bolsonaro falou sobre dois assuntos perfeitamente dispensáveis. Após elogiar os atendimentos médicos recebidos na Santa Casa de Juiz de Fora e no Albert Einstein (até aqui, tudo bem), insinuou que gostaria de estender esse tipo de tratamento aos pacientes do SUS.

“Temos plena consciência de que nosso SUS pode melhorar, e muito. Tudo faremos para que isso se torne uma realidade.”

Será que ele não sabe que as pessoas sem recursos nem planos de saúde levam meses para marcar uma consulta num hospital da rede pública e às vezes mais de um ano para serem submetidos a uma cirurgia “de emergência”, como a retirada de um câncer de mama ou de próstata?

Num horizonte previsível, os pacientes do SUS jamais receberão um tratamento sequer parecido ao que o presidente da República teve acesso (fato mais do que lógico, por sinal). Tanto os petistas Dilma Rousseff e Lula foram tratados nos melhores hospitais de São Paulo, e do país, ela no Sírio-Libanês e ele no próprio Einstein.

Outra perda de tempo de Jair Bolsonaro foi cobrar a punição de Adélio Bispo, o homem que o esfaqueou em Juiz de Fora.

“Esse crime, essa tentativa de homicídio, esse ato de terrorismo praticado por um ex-integrante do PSOL não pode ficar impune.”

É óbvio que Bispo pegará uma pena pesada por seu crime. Não precisa que o presidente da República fique cobrando.

Já que está quase curado, e tem capacidade de se expressar com facilidade, Bolsonaro perdeu uma ótima oportunidade para falar das reformas que pretende implantar, principalmente a da Previdência.

Como os assinantes da Inversa já devem ter tomado conhecimento, uma pesquisa feita entre os congressistas, levada a cabo pelo banco BTG Pactual, mostra que 82% dos deputados e 89% dos senadores são a favor da reforma previdenciária.

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