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Ivan Sant’Anna: Crise passageira ou terceiro choque?

17 set 2019, 10:29 - atualizado em 17 set 2019, 10:29

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Assim que, na noite de domingo, já dia claro no Extremo Oriente, o mercado de petróleo abriu, a alta foi de 20%. Afinal de contas, após o ataque às duas refinarias sauditas, as exportações do Reino diminuíram em 50%, o que equivale a uma queda de 5% na produção mundial.

Um aumento expressivo como esse, por sinal o maior da história de uma só tacada, é mais do que lógico. Quem estava vendido a descoberto não quis pagar para ver. Ou, melhor, pagou os 20% que o mercado estava cobrando. Por outro lado, países que dependem da importação de hidrocarbonetos, como é o caso do Japão e da China, também trataram de aumentar seus estoques estratégicos. Daí a normalidade da subida.

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Mais tarde, com a abertura de Londres (petróleo Brent) e depois Nova York (WTI – West Texas Intermediate), o mercado se acalmou um pouco. Muito pouco. Às 15h (horário de Brasília) o WTI estava com uma alta de 15% na Nymex.

Se o receio do mercado fosse apenas o de um squeeze – interrupção provisória no fornecimento, que acontece em casos de acidente como o derramamento da plataforma submarina da British Petroleum no Golfo do México em 20 de abril de 2010, ou o acidente, em 24 de março de 1989, do petroleiro Exxon Valdez no Alasca –, os futuros do WTI e do Brent estariam trabalhando em forte backwardation (futuros curtos muito mais caros do que os longos).

Só que não é o que está acontecendo desta vez. Pudera. Donald Trump está acusando o Irã de estar por trás dos ataques e isso poderá ter graves desdobramentos.

Neste exato instante, na Nymex, o barril de crude oil com vencimento em outubro está cotado a US$ 62,80, novembro a US$ 62,57, dezembro a US$ 61,94, janeiro a US$ 60,98 e fevereiro a US$ 59,98. Isso tem um significado expressivo. O mercado está apostando numa crise prolongada.

É verdade que não há hipótese de que um 1973 (ano do primeiro choque) ou um 1979 (segundo choque) venham a se repetir. A explicação é que, ao contrário daquelas duas ocasiões, agora os Estados Unidos passaram a ser autossuficientes se usarem o óleo de xisto. O mesmo acontece com o Brasil, com suas reservas do pré-sal.

Em se tratando de Oriente Médio, ninguém mais é pego com as calças na mão.

Mesmo que irrompa uma guerra entre a Arábia Saudita (com apoio dos Estados Unidos) e o Irã, dificilmente vai haver racionamento. Mas o preço do barril mudou de patamar e isso deverá permanecer por um bom tempo.

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