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Ivan Sant’Anna: Copom, Fomc, Bundesbank…

26 jun 2019, 14:14 - atualizado em 26 jun 2019, 14:14

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

A ata da última reunião do Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil – deixou claro que os integrantes do colegiado têm a intenção de reduzir a taxa Selic ainda este ano, provavelmente para 5,75%, quem sabe até menos.

Eles reconheceram o fraco desempenho da atividade econômica, a interrupção de uma incipiente recuperação e frisaram a necessidade de implantação das reformas.

Nesse último item, urgência das reformas, o BC fugiu um pouco de sua habitual concentração nos números de inflação.

Nosso Banco Central segue o modelo da Nova Zelândia. Lá, fixa-se uma meta inflacionária e a autoridade monetária tem de alcançá-la, com a ferramenta da qual dispõe: taxa de juros.

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Curiosamente, a diretoria do Reserve Bank of New Zealand recebe um bônus no final do ano quando o objetivo de inflação é alcançado. No Brasil, o Copom tem de explicar ao Conselho Monetário Nacional, que é quem fixa a meta, por que falhou. Quando falha, é claro.

Nos Estados Unidos, o Fomc – Federal Open Market Committee – tem meta mais genérica: defender o dólar. Além de cuidar da inflação, seus integrantes olham para outros fundamentos da economia, como a volatilidade da Bolsa.

Em 1990, no auge da bolha das .com, o chairman do Fed, Alan Greenspan, em discurso no American Enterprise Institute, alertou para a “exuberância irracional” (irrational exuberance) do mercado.

Foi o bastante para que o índice Nasdaq – que concentra papéis de empresas de tecnologia − levasse um tombo colossal, mas evitando uma reação em cadeia que poderia atingir o mercado de ações como um todo.

Três anos antes, Greenspan fez justamente o contrário, ao inundar o sistema financeiro de liquidez, após o crash de 19 de outubro de 1987. Naquela ocasião, os movimentos do Fed foram tão abrangentes que, gregorianamente falando, o Dow fechou 1987 em ligeira alta.

Quem metia o bedelho em tudo era o Bundesbank, banco central alemão antes do advento do euro.

Se, por exemplo, o sindicato dos metalúrgicos da Alemanha propunha uma greve por aumento de salários, a autoridade monetária advertia, sem o menor acanhamento:

“Qualquer greve será levada em conta na reunião do board na próxima semana.”

Trocando em miúdos, no popular o que o BC da Alemanha queria dizer era:

“Se a greve for mantida, eu ferro vocês. Elevo as taxas de juros e o desemprego vai crescer”. Funcionava.

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