Ivan Sant’Anna: Compasso de espera
Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite
Caro leitor,
Após vários meses de boletins Focus mantendo tendências de baixa para o crescimento do PIB e a inflação, as previsões estão se estabilizando. Melhor dizendo, entraram em compasso de espera.
Esta semana, aguarda-se o resultado das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) e do Fomc (Federal Open Market Committee). Ambas acontecerão amanhã, quarta-feira, 31 de julho.
No médio prazo, a pauta brasileira mais importante continua sendo a votação em segundo turno da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e a tramitação da PEC no Senado.
Embora Jair Bolsonaro não consiga sossegar o facho e continue se incompatibilizando com diversos segmentos da sociedade (cuja insatisfação pode respingar nos congressistas), a expectativa do mercado é de que a reforma passe sem muitas escoriações em seu texto.
Reparem que escrevi “expectativa”. Se a palavra fosse “certeza”, o Ibovespa já estaria bem mais alto e o dólar, quem sabe, nas proximidades dos R$ 3,70, independentemente dos acontecimentos internacionais.
No boletim Focus, o dado mais digno de nota foi a expectativa, para o final de 2020, de uma taxa Selic no nível de 5,50%, um ponto inteiro abaixo da atual e expressivos dois pontos e meio aquém do que se estimava no início das administrações Bolsonaro, Paulo Guedes e Roberto Campos Neto.
Para a reunião do Copom, o mercado está dividido entre 0,25 e 0,50 ponto percentual na taxa Selic, número esse que será divulgado após o fechamento da Bolsa. Dentro da lógica, que nem sempre prevalece, 0,25 é bearish para as ações; meio ponto, bullish. Mas nada que faça o Ibovespa romper o highhistórico ou sofrer um tombo. O que interessa são as reformas, a começar pela da Previdência.
Nos Estados Unidos, as apostas se dividem entre manutenção ou corte de 0,25 ponto percentual, que seria o primeiro em mais de uma década, daí sua representatividade.
Voltando às reformas brasileiras, é importante que haja quorum na Câmara dos Deputados nas sessões de quinta-feira, 1º de agosto, e sexta, dia 2. Isso porque há necessidade de um interlúdio de duas sessões para que o 2º turno da PEC previdenciária possa ser votado na semana que vem, antes de passar para a Casa Alta.
Com Bolsonaro dizendo uma asneira após a outra, é importante que essas decisões parlamentares aconteçam logo. Sempre há o risco de o presidente fazer um gol contra seu próprio governo. Os goleiros Paulo Guedes, Rogério Marinho, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Tasso Jereissati que o digam.
Saber ficar de fora é um dos dons mais preciosos de um trader. É isso que recomendo neste período de Copom, Fomc e votação da Previdência.
Logo, as coisas se tornarão claras e os especuladores terão chance de ganhar muito dinheiro na Bolsa e no câmbio futuros.
No momento, convém esperar.
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