Ivan Sant’Anna: Bolsonaro na ONU
Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite
Caro leitor,
Daqui a pouco, por volta das 10 horas (fuso de Brasília), 9 horas em Nova York, o presidente Jair Bolsonaro fará o discurso de abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Essa prerrogativa de ser o primeiro a falar se deve ao fato de o Brasil, através de Osvaldo Aranha, ter presidido o conclave de 1947, que definiu, ou pretendeu definir, a ordem mundial pós-Segunda Guerra.
O representante brasileiro sempre se pronuncia para casa cheia. Pudera. Logo após seu discurso, cuja duração é de no máximo 20 minutos, vem o dos Estados Unidos, país anfitrião, mensagem essa que todo mundo quer ouvir, principalmente agora que quem assume a tribuna é o polêmico Donald Trump.
A verdade é que ninguém dá importância à exposição do Brasil. Nessa hora, o pessoal está se ajeitando em seus lugares aguardando a fala do americano.
Até João Figueiredo, em 1982, nosso representante costumava ser o embaixador brasileiro na organização. A partir daquele ano, todos os presidentes, com exceção de Itamar Franco, discursaram pelo menos uma vez na Assembleia.
Sabendo dessa “desimportância”, o chefe de Estado do Brasil fala para seu público interno, já que sua locução aparecerá nos telejornais tupiniquins. Do jeito que a televisão mostra, até parece que o mundo inteiro o acompanhava.
Cascata! Se ele disser que pretende invadir o Suriname, ninguém vai perceber na hora.
Como escrevi acima, o pronunciamento mais importante é sempre o dos Estados Unidos, seguido pela China, que destronou a União Soviética da posição de vice.
Ah, não podemos nos esquecer dos países da vez. Estes agora são o Irã e a Arábia Saudita, por causa dos recentes ataques de drones e de mísseis às maiores refinarias de petróleo do Reino.
Nesta 74ª Assembleia, Jair Bolsonaro, ao contrário de seus antecessores brasileiros, também poderá ser uma atração, já que entre os assuntos mundiais mais badalados no momento estão os incêndios e a derrubada de árvores na Amazônia.
Resta saber se Bolsonaro vai dizer coisas genéricas, tais como “jamais permitiremos a internacionalização da Amazônia” ou se alimentará polêmicas com o presidente da França, Emmanuel Macron, com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, além de voltar a ofender a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet.
Esses vinte minutos de nosso presidente serão importantes para o mercado brasileiro de ações. Se ele sossegar o facho, o Ibovespa poderá fazer novoshighs. Caso se volte contra seus moinhos de vento, a Bolsa cai.
Os grandes fundos internacionais costumam obedecer a regras rígidas de compliance na aplicação de seus recursos. Entre elas, está o respeito ao meio ambiente.
É importante que você, caro amigo leitor que investe em ações ou especula no Ibovespa, acompanhe a fala do capitão-presidente. Ela pode até não influir muito na ordem mundial, mas poderá impactar o seu bolso.
Um abraço,