Opinião

Ivan Sant’anna: Bolsonaro – Entusiasmo ou alívio?

29 out 2018, 10:24 - atualizado em 29 out 2018, 10:24
Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil

Ivan Sant’anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Com 99,99% das urnas apuradas, Jair Messias Bolsonaro tinha 55,13% dos votos contra 44,87% de seu adversário, Fernando Haddad. Bolsonaro é, portanto, o novo presidente do Brasil, com posse marcada para o dia 1º de janeiro de 2019.

Muitos eleitores do capitão receberam o resultado com grande entusiasmo. Entusiasmo esse perceptível pelo foguetório aqui perto de casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde o candidato também mora.

Outros, como eu, acolheram a notícia com grande alívio. Alívio por se ver livre de mais um governo PT, o que seria uma tragédia descomunal para o Brasil.

Aqui em casa, minha mulher e eu costumamos votar nos mesmos candidatos. Assim foi com Aécio Neves em 2014, com José Serra em 2010, com Geraldo Alckmin em 2006, de novo com Serra em 2002, com Fernando Henrique Cardoso em 1992 e 1996 e com Fernando Collor de Mello em 1989.

Antes, como se sabe, fora a chapa Tancredo/Sarney, escolhida pelo Congresso, os generais presidentes eram selecionados nos quartéis e formalizados por “lambe-esporas” da Arena (Aliança Renovadora Nacional) no Congresso.

Eu ainda peguei, aos 20 anos de idade, uma eleição direta, a de 1960, na qual votei em Jânio Quadros contra o general Henrique Lott.

Voltando aqui ao casal, nesta eleição de 2018 nós votamos em João Amoêdo, do Partido Novo, no primeiro turno e havíamos combinado votar em branco no segundo. Mas me senti hipócrita em não dar meu voto para ninguém enquanto torcia descaradamente por Bolsonaro. Acabei digitando 17 e escolhendo o capitão.

Minha mulher ficou na dela. Manteve a intenção inicial e não optou por nenhum dos dois. Em Haddad, ela não votaria em hipótese alguma.

É bom que o presidente Jair Bolsonaro se conscientize de que foi eleito por alguns fanáticos entusiasmados que se somaram aos que, como eu, simplesmente querem ver os petitas que saquearam o país o mais longe do poder, de preferência por trás das grades, tal como acontece com o capo di tutti capi.

Tudo bem. Daqui a 64 dias o capitão (agora comandante supremo das Forças Armadas) vai desfilar no Rolls Royce presidencial até as Casas do Congresso, onde jurará a Constituição e fará seu discurso de posse.

Seja lá o que for que ele fale até lá, não diminuirá meu alívio por ter votado 17. O que estou interessado em saber é se ele vai transformar esse alívio em entusiasmo.

Jair Bolsonaro é um homem público de intelecto limitado, embora tenha se revelado ótimo sedutor de massas.

Durante seus sete mandatos como deputado federal, sempre atuando no baixo clero, conformou-se com o papel de despachante dos militares, policiais e agentes penitenciários. Era, portanto, não mais do que um representante dos tiras e dos quartéis. Justiça seja feita, cumpriu bem sua tarefa, sempre apoiando as reivindicações de seus eleitores.

Não podemos nos esquecer que Bolsonaro foi contra a reforma da Previdência e a maioria das privatizações.

Seu pior momento como parlamentar foi quando, ao optar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, dedicou seu voto ao torturador boçal coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI de São Paulo, entre 1970 e 1974, responsável por sofrimentos atrozes infligidos a presos políticos, em alguns casos provocando-lhes a morte.

Para que não se cometa uma injustiça contra Jair Bolsonaro, ele tinha de 15 a 19 anos nessa época, nem entrara na Academia Militar das Agulhas Negras e não teve nenhuma participação nessas barbáries.

Eu poderei até votar novamente em Bolsonaro, mas a não ser que ele peça desculpas em público pelo que disse aquele dia no Congresso Nacional, jamais conquistará meu respeito ou admiração. É o mínimo que, como cidadão de boa índole, devo àqueles homens e mulheres que sofreram suplícios no pau-de-arara.

No mais, fiquei extremamente satisfeito com as declarações de Bolsonaro logo após sua vitória. Entre outras coisas, ele disse que o Brasil do PT sempre flertou com o totalitarismo de esquerda.

Nossas relações com Venezuela, Cuba e diversas tiranias africanas, inclusive emprestando-lhes dinheiro do BNDES a fundo perdido (os caras não vão pagar nunca), dão total razão ao candidato eleito.

Gostei também de ver Jair Bolsonaro declarar que todos os compromissos assumidos pelo Brasil como Estado serão cumpridos. E mais ainda quando se disse escravo da Constituinte, o que não impede que ele a modifique através de PECs, com o devido apoio de três quintos do Congresso, em dois turnos em cada uma das Casas do Legislativo.

Fiquei feliz quando ele declarou que “sabíamos para onde estávamos indo e sabemos para onde estamos indo agora”. E mais ainda quando acrescentou que pretende cortar desperdícios e privilégios, desburocratizar e desamarrar o Brasil, respeitar o direito de propriedade e coibir a invasão de vândalos às propriedades rurais.

Para concluir minha noite de entusiasmo com o resultado das eleições, assisti às declarações dos derrotados. Sempre os mesmos: Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Eduardo Suplicy…

Haddad criticou o impeachment de Dilma, uma decisão tomada pela maioria do plenário do Senado, e a prisão de Lula, decretada por um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, e confirmada pelo TRF4 de Porto Alegre, tudo dentro das normas da lei.

Ouvir Dilma, que acaba de ser escorraçada do Senado em seu estado natal, ser proclamada como “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”, me fizeram ter um final de noite muito feliz. Decididamente, eles não aprendem com seus erros.

A derrota do PT hoje, aliada às declarações de Jair Bolsonaro, me fazem sentir muito aliviado por ter votado no capitão.

Vale acrescentar que o dinheiro que os integrantes do Partido dos Trabalhadores desviaram das verbas da saúde provocaram um verdadeiro genocídio. Que paguem por isso, o que já está acontecendo com alguns.

Acho que os próximos anos têm tudo para serem bons para o Brasil e, principalmente, para os mercados financeiros.

Enxergo tempos auspiciosos pela frente. Viva o povo brasileiro, que levou tempo, mas enxergou o óbvio.

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