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Ivan Sant’Anna: BNDES, Petrobras e Ibovespa

18 jun 2019, 17:37 - atualizado em 18 jun 2019, 18:15

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Para efeitos deste artigo, a tarde e o início da noite das sextas-feiras, após o fechamento dos mercados, já devem ser considerados fins de semana.

Pois bem, na última sexta, dia 14, com o pregão da Bolsa já encerrado, o presidente Jair Bolsonaro, ao ser abordado por jornalistas, disse, com a falta de compostura de sempre, que já estava “por aqui com o presidente do BNDES, Joaquim Levy”.

Se os negócios estivessem em andamento, os traders, ao lerem essa notícia em seus terminais, pensariam no pior:

“Pronto, Bolsonaro está provocando a demissão de Levy, homem indicado por Paulo Guedes.”

“E se Guedes cair fora? Melou a equipe econômica. A tropa de elite do governo.”

Não tenho a menor dúvida de que o Ibovespa levaria um tombaço.

Veio o fim de semana e se viu que a coisa não era bem assim. O Posto Ipiranga também não estava satisfeito com Joaquim. Enquanto este procurava impulsionar os negócios do banco, Guedes queria justamente o contrário: seu esvaziamento. Chegou a falar da inutilidade de o Brasil ter uma instituição de fomento tão grande emprestando dinheiro com taxas de juros inferiores às de mercado.

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No domingo, O Antagonista soltou uma notícia bombástica:

“Petrobras faz a maior descoberta desde o pré-sal.”

O site se referia a uma gigantesca reserva de gás natural próxima ao litoral dos estados de Sergipe e Alagoas. De seis campos, a empresa espera extrair 20 milhões de metros cúbicos por dia.

Digeridas as notícias, tanto a supostamente péssima, saída de Levy, como a espetacular (jazida de gás), ontem o mercado trabalhou praticamente estável.

Já vi e vivi diversas ocasiões parecidas.

Em 1974, ano seguinte ao do início do primeiro choque do petróleo (outubro de 1973 – Guerra do Yom Kippur), a Petrobras (PETR3; PETR4descobriu indícios do que poderia ser uma grande reserva submarina na bacia de Campos, RJ.

Me lembro bem de uma manchete do Jornal do Brasil naquela ocasião.

“Um milhão de barris por dia!”

Passada a euforia inicial, o mercado se deu conta que, no início, esse tipo de descoberta significa apenas despesas. Despesas de perfuração, compra de plataformas e instalação de equipamentos.

Os resultados só aparecem anos depois.

Cada vez mais a Petrobras, passada a fase dos assaltos aos cofres da empresa revelados pela Lava-Jato, se revela um investimento promissor.
Boa compra a médio e longo prazo.

Já a saída de Joaquim Levy foi apenas um episódio esporádico que não terá consequência alguma no mercado.