Opinião

Ivan Sant’Anna: A minha história proibida

24 mar 2019, 8:29 - atualizado em 26 mar 2019, 17:58

Nota do editor: ATENÇÃO! Assista agora à estreia do documentário “Ivan: A História Proibida do Mercado Financeiro”. O primeiro capítulo já está disponível neste link. Acesse agora para conhecer o que está por trás da criação do mercado de capitais no Brasil e aprender histórias que vão te ajudar a se tornar um investidor melhor.

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Quando era roteirista da TV Globo, escrevendo episódios das séries Carga Pesada Linha Direta, sempre me convidavam para ir ao Projac ver o copião.

Para quem não sabe, copião é o filme virgem, antes da edição, na qual são extraídas as melhores partes e montada a sequência que irá ser vista pelo público. Além disso, nessa versão completa, não raro duas ou três vezes maior do que o produto que irá ao ar, não tem trilha sonora musical. Apenas as falas dos personagens.

Eu preferia assistir em casa, na minha TV, o produto final.

Isso aconteceu ontem quando, às nove da manhã, liguei o computador e pude ver o primeiro episódio do documentário Ivan: A História Proibida do Mercado Financeiro.

Sem querer ser narcisista, e já sendo, simplesmente adorei o trabalho da equipe da Inversa, liderada por Olivia Alonso, Eduardo Laguna e André Zara.

O melhor mesmo, entretanto, foi ver os depoimentos de pessoas que conheci ao longo de meus 61 anos de mercado financeiro.

Vou começar pelo Marcio Noronha, que conheci em 1970, quando ele era um dos sócios da corretora Multiplic. Mais tarde, após alguns altos e baixos, se tornou o papa da análise técnica no Brasil, com inúmeros livros publicados sobre o assunto.

Ver Marcio comentando nossa época de operadores de Bolsa no grande bull market de ações de 1971 foi simplesmente sensacional.

Economista Antonio Carlos de Andrade, uma das primeiras pessoas com quem trabalhei quando cheguei de Nova York, em 1967. Em seu depoimento para A História Proibida… ele relembrou meus tempos de workaholic.

Pois continuo viciado, Antonio. Nesse ponto, sou irrecuperável.

Na época, Antonio Carlos e eu iniciamos as negociações alavancadas com títulos do Tesouro brasileiro: ORTNs.

Eu já sabia que minha mulher, Ciça, participaria do documentário, embora não tenha visto sua entrevista, mesmo tendo sido feita na varanda aqui de casa.

Foi muito emocionante ver a Ciça falando de nossos 40 anos juntos. Para quem não sabe, ela é sempre a primeira a ler tudo que escrevo.

“Assim não dá, Ivan. Essa frase aqui tem três vezes o pronome ‘eu’. Não pode. Tem de mudar.” Ela faz esse trabalho desde que comecei a rascunhar as primeiras palavras de Os mercadores da noite.

Patrick O’Grady, CEO da Vitreo, fundador da Vectis e ex-conselheiro da XP Investimentos, falou da época em que começou no mercado, em 1991 (eu já tinha 33 anos de estrada no lombo).

Nessa ocasião ele se admirava com minhas operações no mercado internacional, operando nas Bolsas de futuros ao redor do mundo.

A participação de Olivia Alonso dispensa comentários. Desde que comecei a trabalhar com ela, há dois anos e um mês, tornou-se minha paixão. Só não lhe perdoo ter me destronado do posto de workaholic número 1.

Ouvir da boca de Felipe Miranda, CEO da Empiricus, que começou no mercado por causa de Os mercadores da noite, foi de arrepiar.

Pois bem, Felipe, caso você leia este texto, fique sabendo que sou seu leitor diário e até reli (61 anos depois) Grande Sertão Veredas por sua causa. Fica me devendo esta, Riobaldo da Faria Lima.

Last but not least, muito bom ver o Thiago Teixeira, da Paineiras Investimentos, com quem jantarei depois de amanhã, falando de nosso convívio.

O que deixei de dizer, mas digo agora, é que aprendi muito mais com essas pessoas do que elas dizem ter aprendido comigo.

Caro amigo leitor, se você quiser ser um   trader  profissional, ou investidor de sucesso, escute os outros. Como dizia Tancredo Neves, “fique rouco de tanto ouvir”.

Durante minha carreira tive a sorte de conviver com traders antológicos, como Antônio José de Almeida Carneiro, o Bode, e Alfredo Grumser Filho, o Malba Tahan.

Quando telefonava para mim, nos anos 1970, Jorge Paulo Lemann dizia:  “Vamos transar”, numa época em que esse verbo tinha outra conotação.

Antes deles, Augusto de Assis Magalhães e Hugo Picchioni, ambos já falecidos, me ensinaram a dar os primeiros passos no distante 1958 lá em Belô.

São essas pessoas que construíram minha história. Nada mais fiz do que imitá-las.

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Um abraço,

Ivan

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