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ITUB4, BBDC4, BBAS3 e SANB11: Bancos saem machucados do 3T22; oportunidade ou cilada?

28 nov 2022, 18:08 - atualizado em 29 nov 2022, 0:07
banco do brasil itaú santander e bradesco
Bancos entregam resultados mistos, mas com uma série de desafios pela frente (Imagem: Freepik)

Os bancos reportaram resultados mistos, mas com mais destaques negativos do que positivos, ressalta a analista Larissa Quaresma, da Empircus Research, em entrevista ao Money Times.

No terceiro trimestre, Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11) e Bradesco (BBDC4) lucraram R$ 24 bilhões, alta de 13% ante mesmo período, segundo dados do TradeMap.

Apesar da elevação, o número foi inflado, principalmente pelo BB, que viu a cifra saltar 62%, maior lucro trimestral já registrado em qualquer trimestre por um banco brasileiro de capital aberto.

Enquanto isso, o lucro do Bradesco caiu 22%, o que provocou uma fuga generalizada de investidores preocupados com a rentabilidade e assustados com a elevação da inadimplência.

Mas não foi só o banco de Osasco que viu o risco de calote subir. Itaú e Santander também sentiram o mesmo gosto amargo do ciclo de crédito ruim no Brasil. Porém, o primeiro conseguiu segurar a piora.

“Itaú teve um resultado mais fraco, mas ainda sim positivo. A curva de juros sobe e a marcação de mercado fica muito ruim para todo mundo, então é bem desafiador”, discorre Quaresma.

Ela recorda que enquanto o Itaú tem uma carteira mais exposta às empresas e pessoas físicas focadas no mercado imobiliário, Santander e Bradesco estão com uma carteira mais agressiva, crescendo na carteira de crédito, que são as linhas onde houve maior aumento da inadimplência. “É onde começa a estourar a bomba”, completa.

Outro ponto de preocupação para SANB11 e BBDC4 é que ambos tiveram um prejuízo acima de R$ 1 bilhão da tesouraria. “Isso machucou muito nos dois casos”, discorre.

Tanto Bradesco quanto Santander viram suas ações derreterem após a entrega dos resultados.

Banco do Brasil: Barato até quando?

A visão de que o Banco do Brasil reportou resultados acima da média é unânime. O banco tem maior exposição ao agronegócio, setor visto como força motriz da economia brasileira e mais seguro em relação às outras linhas.

O que analistas ainda não entraram em consenso é sobre se o banco vale compra. Para Quaresma, o governo Lula deixou claro que usará os bancos para mecanismos de desenvolvimento da política pública.

“Expandir linhas de crédito que talvez não sejam tão rentáveis e barrar programas de corte de despesas que poderia beneficiar o lucro líquido na ponta final. Isso pode diminuir a rentabilidade”, coloca.

A Empiricus retirou a recomendação de compra para a estatal.

Já a XP Investimentos continua enxergando potencial para o Banco do Brasil, devido à sua tendência positiva dos resultados e valuation descontado.

Outros bancos

No caso do Bradesco, a analista da Empiricus é taxativa ao dizer que “não é hora de bancar o herói”.

“A inadimplência continua subindo ao longo do quarto trimestre e quiçá no começo do ano que vem. Pode ser que a ação caia mais. Optamos por seguir em um nome de mais qualidade, que é o Itaú, por mais que isso envolva pagar um prêmio diante de um cenário árido de ciclo de crédito que estamos vivendo”, coloca.

Em relatório recente, o JPMorgan resolveu arriscar e recomendou compra em Bradesco. Mas não deixou de enfatizar que o cenário é de piora e que o investidor precisará ter sangue frio.

Segundo os analistas, a ação negociada a 1x o P/BV (price to book value ou preço sobre o valor patrimonial por ação) traz um bom ponto de entrada, especialmente para investidores dispostos a suportarem esse ciclo mais difícil.

Itaú
Itaú é visto com um bom nome para passar pela piora do setor (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

O que fazer agora?

Apesar da piora e do cenário ruim, Quaresma recorda que os bancos são defensivos, independentemente do governo que está no poder ou do tamanho do tombo da economia.

“Não acho que é um cenário de catástrofe. Bancos são muito defensivos. Eles têm N maneiras de se proteger. Se a taxa de juros tiver altas, eles precificam”, diz.

O melhor cenário, segundo a analista, seria de uma queda dos juros daqui para frente. Porém, essa variável dependerá, em parte, do novo governo.

“Vai depender do fiscal. Está todo mundo sob pressão. Uma gastança do governo pode provocar uma alta da Selic”, afirma.

Na visão da XP, as taxas de juros atualmente elevadas aliadas às incertezas macroeconômicas (principalmente relacionadas às eleições) impedem uma performance mais forte do setor.

Já o JPMorgan diz que a qualidade dos ativos continua sendo o principal ponto de foco para os investidores daqui para frente.

“Continuamos a ver um forte ímpeto de receita e redução da inflação, juntamente com a melhoria das condições de trabalho, contrabalançando os níveis excessivamente altos do serviço da dívida”, escreve.

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