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ITUB4, BBAS3, BBDC4, SANB11: Vale a pena investir nestas ações em meio à quebra de bancos gringos?

20 mar 2023, 19:16 - atualizado em 20 mar 2023, 19:16
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Colapso de bancos estrangeiros abala mercados (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)

As últimas notícias do exterior envolvendo a saúde do sistema bancário nos Estados Unidos e na Europa jogaram os mercados para baixo. Nem o Ibovespa escapou da onda de aversão a risco que tomou conta das Bolsas, tendo o índice encerrado a última semana em queda de 1,57%.

Nesta segunda-feira (20), investidores digerem a notícia de que o UBS Group comprou sua concorrente Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões, valor três vezes maior que a oferta inicial.

O que pareceu a “solução” de um problema trouxe mais volatilidade aos mercados. As ações do Credit Suisse despencaram mais de 50% hoje, depois que US$ 17 bilhões em títulos de dívida da instituição passaram a valer zero com o acordo de venda para o UBS.

A derrocada das ações do Credit Suisse na Bolsa europeia poucos dias após o colapso do SVB Financial Group e do Signature Bank começou com a negativa do acionista de elevar a participação no banco suíço por questões regulatórias.

A informação acabou sendo mal recebida pelos mercados e elevou os temores de uma crise financeira global semelhante à de 2008, quando o Lehman Brothers quebrou.

Impacto nos bancos brasileiros

A crise dos bancos estrangeiros impacta a performance das instituições financeiras brasileiras, mas não de maneira direta.

Matheus Amaral, analista do Inter Research, explica que o movimento de quebra de bancos acende um alerta para possíveis recessões, uma preocupação que os mercados têm levado em consideração desde o ano passado.

“Acaba gerando um clima de aversão a risco maior pelo risco de recessão”, afirma.

Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, avalia que as ações dos bancos podem seguir penalizadas no curto prazo, mas não por risco de contágio sistêmico, visto que “os bancos brasileiros têm balanços mais fortes e gestão de risco mais conservadora”.

Tanto Amaral quanto Quaresma levantam que o temor maior dos investidores com o setor bancário brasileiro está relacionado a fatores locais, e não externos.

Amaral explica que, além de os bancos brasileiros estarem acostumados com o cenário de inflação e juros elevados no Brasil, as empresas (principalmente as de grande porte) contam com uma carteira de crédito e uma base de depósitos diversificada.

“Os riscos que vimos lá [fora], principalmente de liquidez, não vemos aqui no Brasil”, diz o analista.

De acordo com Amaral e Quaresma, os problemas por aqui dizem respeito à volatilidade causada pela expectativa sobre o novo arcabouço fiscal e as novas regras tributárias. O cenário macroeconômico desafiador, de aumento de inadimplência, também acaba sendo um detrator para um desempenho mais forte das ações de bancos.

O que tem pressionado as instituições financeiras nos últimos dias é a redução do teto de juros para as operações do crédito consignado em benefício previdenciário (INSS) a 1,7% ao mês.

Como consequência da medida publicada pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), grandes bancos como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) suspenderam a concessão do crédito.

Amaral explica que a redução do teto é ruim para o setor bancário porque retira a sustentabilidade na oferta do produto e reduz a rentabilidade. Entre os grandes bancos, destaca, Bradesco deve ser o mais impactado. Já o Banco do Brasil deve sofrer menos, dada a sua menor exposição ao crédito.

“Os maiores impactos sobre o lucro líquido estimado para 2023 vieram do Bradesco com 6,9%, seguido pelo Itaú (4,3%), Santander (4,1%) e com menor impacto o Banco do Brasil (1,3%)”, lista o analista.

As ações que valem a pena dentro do setor

Itaú é “compra”, segundo Inter e Empiricus Research (Imagem: Dado Galdieri/Bloomberg)

O Inter mantém suas expectativas para o setor bancário brasileiro. A preferência recai sobre players com maior qualidade de crédito – destaque para Itaú (recomendação de compra) e Banco do Brasil (neutro). Amaral volta a mencionar a boa liquidez das empresas brasileiras.

A Empiricus acabou reduzindo a exposição ao setor ao longo do ano, citando as mudanças de regras que ainda podem acontecer na indústria. Apesar disso, segue com recomendação de compra para a ação do Itaú, mesmo com a crise bancária que se instaurou no exterior, por conta da carteira de crédito mais defensiva, e para a unit do BTG Pactual (BPAC11) devido à sua capacidade de crescimento descorrelacionada do ambiente macro.

Para Banco do Brasil, a recomendação foi atualizada para venda logo após as eleições gerais do ano passado, considerando os riscos de interferência política, que devem impactar na geração de lucros da estatal, diz Quaresma.