Itaúsa (ITSA4) mantém plano para venda de ações da XP, mas sem pressão, diz presidente
A Itaúsa (ITSA4) vai manter a estratégia para venda de sua participação na XP, mas em 2023 não enfrenta a mesma pressão para se desfazer de parte dos papéis diante das atuais condições do mercado e amortizações de dívida realizadas pela holding no ano passado.
“A ideia é continuarmos a vender ações da XP ao longo deste ano”, disse Alfredo Setubal, presidente-executivo da holding controladora do Itaú Unibanco e importante acionista de empresas como Alpargatas, Dexco, Aegea e CCR, em conferência com analistas e investidores nesta terça-feira.
Na véspera, a companhia divulgou lucro líquido recorrente de 3,36 bilhões de reais no quarto trimestre de 2022, queda de 18,7% ante igual período do ano anterior.
“Claro que o momento do mercado de capitais não é super favorável”, disse Setubal, acrescentando que a Itaúsa vai buscar as melhores janelas para eventuais vendas adicionais de ações da XP neste ano em paralelo com oportunidade de uso dos recursos.
A Itaúsa vendeu 4,7 bilhões de reais em ações da XP em 2022, dos quais cerca de 1,5 bilhão em novembro, operação que deixou a holding com participação de cerca de 6,6% no capital total.
Segundo Setubal, desde 2021 a Itaúsa vendeu cerca de 6 bilhões de reais em ações da XP “ao preço médio de 122 reais e hoje está em torno de 60 reais”.
“Vemos cenário desafiador este ano e vendemos bastante ano passado. Não temos pressão para vender XP neste momento”, disse o executivo.
Este cenário mais difícil em relação a 2022, segundo Setubal, também deve impactar o desempenho das empresas investidas da holding. O executivo acrescentou que a companhia não tem planos de novos investimentos diante das incertezas no Brasil e no exterior, agravadas pela guerra na Ucrânia e tensões entre Estados Unidos e China.
As ações da Itaúsa subiam 1,52% às 12h56, enquanto o Ibovespa mostrava alta de 0,21%. Na véspera, a companhia anunciou 637 milhões de reais em juros sobre capital próprio líquidos, equivalentes a cerca de 7 centavos por ação, com pagamento previsto para até final de agosto com base em posição acionária de 23 de março.
“Economia está desafiadora, está em desaquecimento tanto no Brasil quanto no exterior…Vamos continuar com gestão prudente, analisando o cenário com calma”, disse Setubal, destacando o caráter de longo prazo dos investimentos do grupo.
Questionado se a holding poderia avaliar aumentar participação nas empresas em que já investe, uma vez que não está buscando investimentos em novas companhias, o executivo afirmou que o momento para a Itaúsa é de desalavancagem.
Setubal ressaltou, porém, que gostaria de ver um aumento na participação detida na empresa de água e saneamento Aegea, “se fosse possível”, embora tenha ressaltado que não é um setor que trará fluxos de caixas relevantes nos próximos anos diante dos pesados investimentos obrigados pelo marco regulatório do saneamento.
A Itaúsa tem 10,2% das ações ordinárias da Aegea. Outros 70,7% estão nas mãos do grupo Equipav e 19% com o fundo soberano de Cingapura, GIC.
PAYOUT
A Itaúsa anunciou proventos aos acionistas de 4 bilhões de reais relativos a 2022, dos quais 1,4 bilhão será pago este ano. Juntando com bonificação de ações na proporção de 1:10, o chamado “payout” aos investidores da companhia foi de 31% em 2022, estável sobre 2021 e acima dos 26% de 2020.
Setubal afirmou que “é bem factível” a Itaúsa superar o patamar de payout do ano passado em 2023, considerando eventual venda adicional de ações da XP. O objetivo, segundo ele, é elevar o retorno aos acionistas para um nível entre 35% e 40%.
O executivo comentou ainda que é “bem possível” que a Itaúsa promova nova bonificação aos acionistas via incorporação de reservas este ano, diante da discussão no Congresso de projeto de lei que trata sobre o assunto.