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Itaú pode ter home office permanente para um terço do banco

27 mar 2021, 18:02 - atualizado em 27 mar 2021, 18:21
Homem passa em frente a agência do Itaú Unibanco, no Rio de Janeiro
Colocar o plano em prática, porém, vai depender de o Brasil finalmente conseguir controlar a Covid-19 (Imagem: REUTERS/ Pilar Olivares)

O Itaú Unibanco deverá permitir que cerca de um terço de seu quadro de funcionários alterne entre trabalhar em casa e ir para o escritório quando a pandemia passar no Brasil, país que hoje lidera o mundo em novos casos.

O banco está discutindo o modelo híbrido para cerca de 35.000 de seus cerca de 96.500 funcionários, disse uma pessoa familiarizada com os planos, pedindo para não ser identificada discutindo deliberações internas. Cerca de 50.000 trabalhadores estão trabalhando em casa.

“A maioria de nossas áreas administrativas e operacionais trabalhará em um modelo remoto, principalmente de casa”, disse Milton Maluhy, presidente do banco, na Cúpula da América Latina do Instituto de Finanças Internacionais, realizada virtualmente em 11 de março.

Colocar o plano em prática, porém, vai depender de o Brasil finalmente conseguir controlar a Covid-19. Enquanto grande parte do mundo mostra sinais de que o fim da pandemia pode estar chegando, o Brasil passa pela sua pior fase, registrando um total recorde de mortes diárias de mais de 3.000.

Em um país de 212 milhões, apenas 2% da população está plenamente vacinada com duas doses, em comparação com quase 14% nos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O plano que o Itaú está desenhando dará a cada departamento flexibilidade para definir como funcionaria a divisão entre trabalho remoto e presencial, disse a pessoa, acrescentando que os planos ainda estão em discussão e podem mudar.

O Itaú planeja manter escritórios para “algumas atividades que são importantes para preservar nossa cultura e relacionamentos”, de acordo com Maluhy, que recém-assumiu o comando do Itaú.

O Itaú não comenta os planos de trabalho remoto.

Dentre os funcionários do Itaú atualmente trabalhando de casa, a maior parte trabalhava na sede administrativa do banco, em centros de serviços e em agências digitais, segundo dados do balanço. As agências físicas, que respondem por uma parcela significativa da força de trabalho, foram consideradas serviços essenciais e mantidas abertas em todo o Brasil, embora às vezes com equipes reduzidas e horários restritos.

Em negócios que exigem contato mais constante com clientes ou operações que se beneficiem de uma infraestrutura de tecnologia robusta, os funcionários possivelmente retornariam integralmente, segundo a pessoa. Ainda não está claro como as mudanças irão impactar o uso de imóveis pelo banco.

Globalmente, o Itaú não está sozinho ao abraçar alguma forma de trabalho remoto permanente, embora nem todos os bancos estejam tão entusiasmados com a ideia. JPMorgan, Barclays e Morgan Stanley disseram que podem reduzir o espaço de escritórios e pedir aos funcionários que trabalhem remotamente com mais frequência, enquanto o UBS disse que até um terço de seus funcionários poderia fazê-lo de forma permanente.

O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse que vê o trabalho remoto prolongado infligindo sérios danos sociais e econômicos. Já David Solomon, do Goldman Sachs, afirmou que trata-se de uma aberração. No Brasil, o Santander apressou-se em trazer os trabalhadores de volta ao escritório no ano passado, com direito a refeitório improvisado onde antes havia uma cobertura usada para eventos.

“Acho que é justo dizer que a Covid acelerou as mudanças na forma como trabalhamos que já existiam antes”, disse Maluhy, do Itaú.