Itaú (ITUB4) vs Bradesco (BBDC4): Qual ação comprar agora, segundo 7 analistas
A semana passada encerrou a safra de resultados dos bancões do quarto trimestre de 2021. A princípio, os números mostraram que as companhias continuam arrancando lucros bilionários, mesmo inseridas em um cenário macro mais difícil.
Segundo dados da Economática, juntos Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) tiveram lucro nominal, que desconsidera a inflação, de R$ 81,63 bilhões, o maior dos últimos 15 anos.
Apesar disso, dois bancos apresentaram resultados completamente antagônicos. Enquanto as cifras do Itaú encheram os olhos do mercado, com os papéis disparando 8% após a divulgação dos números, o Bradesco teve, exatamente, a reação contrária, com os papéis caindo 8% após os resultados.
De acordo com analistas ouvidos pelo Money Times, dois fatores explicam esse desencontro. Primeiro porque o Itaú entregou números além do previsto pelo mercado enquanto o Bradesco decepcionou. Outro fator foram os guidances (projeções), com o Itaú projetando números mais otimistas que o Bradesco.
Banco | Lucro | Lucro esperado |
---|---|---|
Itaú | R$ 7,1 bi | R$ 6,8 bi |
Bradesco | R$ 6,6 bi | R$ 6,9 bi |
Qual ação comprar: Bradesco ou Itaú?
No momento, é quase unânime a visão de que o Itaú é uma melhor opção para se ter agora.
Segundo Fred Nobre, líder da área de análise de ações na Warren, a casa mantém ao menos por enquanto distância do Bradesco por conta dos resultados abaixo do esperado.
“Santander e Bradesco sofrem muito com despesas e tarifas com a parte de seguros. Além disso, a carteira de crédito possui qualidade um pouco menor. Itaú tem seguimento private mais robusto, investe mais em tecnologia. Vemos o banco como uma tese de qualidade dentro do setor bancário. A rentabilidade do Itaú também é mais alta, em cerca de 20%, bem acima dos outros bancos. Então o Itaú, naturalmente, é negociado com prêmio em relação aos demais. É o nosso preferido em termos de qualidade”, argumenta.
A visão também é reforçada por Pedro Galdi, da Mirae Asset, que tem preferência pelas ações do Itaú. “O Bradesco provisionou muito mais que os outros. Isso afetou lucratividade e o mercado bateu na ação. Mas é uma sólida instituição”, pontua.
Para Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, o guidance do Itaú é mais agressivo. “Além disso, a exposição à linha de crédito é maior quando comparada ao Bradesco”, diz.
Ainda assim, ele lembra que as ações do Bradesco estão mais descontadas e, por isso, enxerga maior potencial de retorno para o banco.
Já Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, argumenta que a qualidade dos resultados do Bradesco deixou “muito a desejar”. Por outro lado, o Itaú mostrou que não “está para brincadeiras” ao exibir seus números e projeções.
“Itaú veio com um resultado muito forte, com número bons, com muita qualidade. Enquanto o Bradesco travou um pouco na parte de novos clientes e digital, o Itaú deslanchou”, completa.
Na opinião do Bank of America, o Itaú está estruturalmente melhor posicionado para taxas mais elevadas, enquanto sua orientação parece mais conservadora e reserva espaço para surpresas de alta.
Na última sexta, o BofA elevou o preço-alvo do Itaú e rebaixou o do Bradesco após a divulgação dos números do quarto trimestre, embora tenha mantido a recomendação de compra para ambos os papéis.
Santander deixa claro sua preferência: Itaú
O Santander deixou muito claro sua posição ao tirar o Bradesco do seu top pick (favorita) entre os bancos e eleger o Itaú para o lugar.
Segundo os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, o guidance recém-divulgado do Bradesco para 2022 indica que o crescimento dos resultados deve ser impulsionado por uma carteira de crédito em expansão e uma mudança de mix para linhas de crédito de maior rentabilidade, que traz riscos maiores, considerando o cenário macroeconômico mais desafiador.
“A maior penetração dessas linhas pode levar a maiores necessidades de provisionamento, o que, combinado com mais despesas, acabará pesando no lucro líquido, em nossa visão”, completa.
No caso do Itaú, o Santander diz que além de superar o guidance de 2021 e atingir um crescimento de lucros de 45% em 2021, vê potencial para o banco “bater crescimento de 16% em 2022, apoiado por um forte crescimento de empréstimos e inadimplência controlada”.
Os analistas lembram que as ações do Itaú subiram nas últimas semanas, com retorno potencial total de 38,9% em 2022.
“Considerando que o Itaú disparou 23,2% no acumulado do ano (vs. Ibov +9,5%), acreditamos que alguns podem assumir que as notícias positivas recentes já estão precificadas”, observam.
Mesmo assim, eles mantêm o otimismo com o papel, enxergando o banco como defensivo, “especialmente porque deve se beneficiar de taxas de juros mais elevadas a médio prazo”.
“Embora os grandes bancos estejam agora entregando ROEs acima do histórico, com índices de inadimplência mais baixos e índices de cobertura acima da média, eles ainda estão negociando abaixo dos níveis pré-pandemia”, recorda.
O Santander rebaixou o preço-alvo de Bradesco de R$ 28 para R$ 26 e elevou o preço-alvo de Itaú para R$ 36. A recomendação é de compra para ambos.
Quem é “mais fintech“?
Outro ponto enfatizado pelos analistas ouvidos pela reportagem foi o avanço em tecnologia e inovação dos bancos.
O desenvolvimento de ambos os aspectos são vistos como fundamentais para os bancões, principalmente em meio a um cenário de popularidade das fintechs, que conquistaram o público mais jovem.
“O Itaú tem tido mais inteligência em relação à criação de produtos. Hoje você tem o Iti, plataforma criada para os jovens que não tem contato com os bancões, e também a originação de crédito, que é um fator bem importante”, diz Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimento.
Para ele, o Itaú está construindo um mix de produto interessante, com hub de produtos diversificados, o que torna a sua perspectiva melhor para 2022.
Crespi, da Guide, diz que os papéis dos dois bancos tendem a andar bastante em linha.
“É muito difícil um se desvincular do outro por conta do tamanho deles. O grande diferencial é mais controle de custos, que o Itaú fez melhor. Do ponto de vista de inovação, o Itaú tem sido mais pioneiro, diminuindo o gap entre ele e as fintechs. Portando, Itaú deve continuar na liderança”, completa.
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