Itaú (ITUB4): Qual é o tamanho do fôlego para ação após números do 3T24
Água morro abaixo, fogo morro acima e o Itaú (ITUB4) divulgou mais um resultado de encher os olhos de analistas. Trimestre a trimestre, investidores especulam sobre até onde vai o fôlego do bancão.
No terceiro, pelo menos, os números continuaram robustos, convencendo o mercado de que a instituição, que completou 100 anos em 2024, é uma das mais preparadas para enfrentar o conturbado ambiente macroeconômico brasileiro, que, aliás, passará por mais um ciclo de alta dos juros.
Nesta terça-feira (5), ITUB4 terminou a sessão com alta de 3,00%, a R$ 36,34, e figurou entre as maiores ganhos do Ibovespa.
Na média, analistas veem a ação a R$ 40, ultrapassando a máxima histórica de R$ 37,16 do dia 5 de setembro.
Veja as recomendações abaixo:
Casa | Recomendação | Preço-alvo | Potencial |
---|---|---|---|
BTG | Compra | R$ 42 | 16% |
XP | Compra | R$ 42 | 16% |
Safra | Compra | R$ 45 | 27% |
Genial | Compra | R$ 40,6 | 15% |
BB Investimentos | Compra | R$ 42 | 16% |
Como foi o trimestre do Itaú?
No terceiro trimestre, o Itaú registrou o maior lucro trimestral da história dos bancos de capital aberto do Brasil, segundo dados da Elos Ayta, a R$ 10,7 bilhões, número acima das projeções da Bloomberg, que esperava R$ 10,3 bi.
O ROE, que mede a rentabilidade, atingiu 22,7%, a maior cifra entre os bancos incumbentes neste trimestre, reafirmando sua posição de destaque. Esse ROE poderia ter sido ainda maior se não fosse o excesso de capital, já que o índice de Basileia ficou em 17,2% no final do trimestre.
A carteira de crédito voltou a ganhar ritmo no segmento de pessoa física, enquanto a margem com clientes cresceu 4,5% no trimestre.
Larissa Quaresma, analista da Empiricus, diz que o resultado foi suportado principalmente pela expansão da carteira de crédito, excluindo variações cambiais, para R$ 1,3 trilhão.
“O Itaú cumpriu a promessa de finalizar a limpeza da carteira de cartão de crédito à pessoa física no terceiro trimestre, de forma que o portfólio de varejo voltou a crescer de forma mais significativa, com 3% sequencialmente. A carteira de pequenas e médias empresas (PMEs) também foi um destaque”, escreveu.
Para o Bradesco BBI, as despesas de provisão tiveram um desempenho ligeiramente melhor do que o esperado, refletindo uma reversão de provisão de R$ 500 milhões de um grande caso corporativo específico, no caso, a Americanas (AMER3).
“Importante, a qualidade dos ativos também registrou tendências positivas no trimestre, com uma melhora de 0,10 ponto percentual no índice de inadimplência de 90 dias, para 2,6%”, coloca.
A XP classificou os números como “impressionante”, enquanto o BTG lembra que mesmo depois de entregar um 2023 muito sólido, criando “bases de comparações difíceis” para os resultados deste ano, o Itaú conseguiu aumentar o EBT (lucro antes dos impostos) em 21%.
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“Acreditamos estar agora em uma posição privilegiada para um bom desempenho novamente em 2025 provavelmente um ano mais desafiador, dada a deterioração das condições macro no Brasil”, diz.
Para não falar que tudo são flores, o BBI escreveu que o aumento de 5,8% nas despesas operacionais foi o principal ponto negativo para o trimestre. Porém, a cifra permanece na extremidade inferior da faixa de orientação em 6,1% (contra orientação de 5,0 a 8,0%).
O que fazer com Itaú?
Segundo a Genial, após mais um resultado sólido e consistente, não resta outra opção a não ser reiterar a recomendação de compra, destacando-o como a principal escolha no setor financeiro.
“Com um preço-alvo de R$ 40,60, vemos um valuation atrativo, com as ações negociadas a um múltiplo de 8,4x P/L (preço sobre o lucro) para 2024, 7,5x P/L para 2025, e 1,9x P/VP (preço sobre valor patrimonial) em 2024, além de um dividend yield robusto de 8%”, diz.
E por falar em dividendos, mais uma boa notícia. O Itaú deverá pagar dividendos extraordinários maiores do que o ano passado, afirmou o CEO, Milton Malury Filho em conferência com analistas realizada nesta terça-feira.
“A expectativa é que seja possível distribuir mais em índice de capital e, consequentemente, um valor nominalmente maior. Devemos fechar essa decisão logo no início do ano, com mais clareza nas projeções e no cenário”, disse.
O melhor para navegar nas turbulências
O BB Investimento aproveitou o momento para revisar o seu preço-alvo de R$ 43,1 para R$ 42, potencial de valorização de 16,7%, devido ao momento macroeconômico atual. A recomendação permanece em compra.
“O céu não promete ser de brigadeiro, já que predominam, neste momento, para 2025, sinalizações de uma certa exaustão de ímpeto de crescimento dado um nível de juros mais elevado, cujo ciclo já se iniciou”, coloca.
Para a casa, porém, o Itaú é o representante mais capaz dentro de seu segmento para manobrar de forma mais resiliente esse provável contexto menos benigno que se avizinha.
“O Itaú entra o segundo semestre de 2024 de forma categórica, mostrando fôlego e resiliência na busca pelo posto de grande banco de varejo mais rentável do país. Com uma carteira de crédito que se expande a um ritmo cada vez mais acelerado, respaldado pela boa qualidade e pelo mix equilibrado, vemos o banco registrando um histórico de rentabilidade e consistência absolutamente invejáveis”, afirmam os analistas.
Segundo o BTG, com as ações sendo negociadas a 1,8x o valor patrimonial mais recente, alguns investidores têm levantado preocupações nos últimos meses sobre uma valorização mais limitada, dado o aumento nas taxas de juros de longo prazo no Brasil, o que naturalmente elevou o custo do capital próprio.
“Contudo, com um desempenho tão forte em relação aos pares, é difícil não ter o Itaú em seu portfólio, especialmente em um cenário onde “você precisa” ter alguma exposição ao Brasil. O Itaú continua sendo nossa principal escolha entre os bancos brasileiros e é a única ação do setor financeiro no portfólio 10SIM de novembro”.
Já a Empiricus coloca que em um cenário econômico mais adverso, onde a inadimplência tende a aumentar, o conservadorismo do banco vem a calhar.
“Negociando a 1,8x seu valor patrimonial, um elevado prêmio sobre Bradesco (BBDC4) (1,0x) e Santander (SANB11) (1,2x), mantemos a recomendação de compra para Itaú. As expectativas devem permanecer elevadas, mas a capacidade de execução já foi mais que comprovada nos últimos três anos”.