Itaú (ITUB4) eleva projeção de alta do PIB de 2022 para 1% (mas nem comemore)
O Itaú Unibanco (ITUB4) elevou a projeção de alta do PIB deste ano de 0,2% para 1%, impulsionado pelas melhores estimativas econômicas do primeiro trimestre e pelo saque de mais uma parcela do FGTS no segundo. Quintuplicar a estimativa de crescimento da economia deveria ser motivo para comemorar, mas, diante do cenário traçado pelo banco, é melhor guardar os fogos de artifício.
O motivo é que, se a previsão se concretizar, o Brasil terá vivido mais um de seus famosos voos de galinha. Primeiro, porque dizer que a economia vai crescer 1% não significa que sua expansão será uniforme.
No relatório enviado aos clientes, Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú e ex-diretor do Banco Central, observa que a projeção “ainda é consistente com queda do PIB no segundo semestre do ano, com a normalização da taxa de poupança das famílias.” Em bom português, os brasileiros pisarão no freio e viveremos metade do ano com o cinto apertado.
Outro motivo é que a alta da taxa básica de juros, a famosa Selic, e a espera queda dos preços das commodities devem pesar sobre o PIB no ano que vem. Por isso, Mesquita e sua equipe reduziram a estimativa de crescimento econômico de 2023. O que já era uma projeção pífia de 0,5% recuou agora para um raquítico 0,2%.
“Os juros mais elevados, a expectativa de moderação nos preços de commodities e o carrego estatístico negativo, devido à citada contração do PIB esperada no segundo semestre deste ano, são os principais fatores indicando estagnação da atividade econômica ano que vem”, explica Mesquita, no relatório.
Juros, sempre eles…
Para apimentar ainda mais o cenário, a inflação alta deve conter o ritmo de queda dos juros no ano que vem. Apesar do IPCA de março, divulgado hoje (08), ser o maior para o mês desde 1994, o Itaú manteve a expectativa de que a Selic terminará o ano em 13,75% ao ano. Mas, diante do cenário adverso, o Itaú espera, agora, que a Selic termine 2023 em 8,75%, ante a previsão inicial de 8%.
A queda dos juros, contudo, não é dada como certa. “Ressaltamos que o espaço para essa redução (e eventuais cortes adicionais) de juros será condicional às futuras escolhas de política econômica, em particular no que diz respeito ao controle das contas públicas”, sublinha Mesquita.