Itaú e JPMorgan buscam talentos para reestruturar dívida em rali na América Latina
Os bancos brasileiros estão reforçando seus departamentos de renda fixa em meio a uma recuperação nas emissões de títulos de dívida na América Latina.
O Itaú Unibanco (ITUB4), o Santander (SANB11), o Bank of America e o JPMorgan estão entre as instituições que buscam talentos para estruturar acordos de dívida, à medida que os tomadores de empréstimos da região aproveitam as baixas taxas de juros.
As emissões de debêntures estão prestes a atingir um recorde no Brasil em 2019, enquanto os bancos estão se preparando para um aumento nas fusões e aquisições e novos investimentos no próximo ano, o que impulsionará mais emissões.
Enquanto os bancos competem para contratar novos talentos, eles também estão se escondendo dos concorrentes e reconstruindo seus departamentos após saídas de profissionais.
O Santander está construindo sua operação e buscando substituir Marcos Andia, que deixou a unidade brasileira do banco espanhol, onde era diretor executivo do mercado de capitais de dívida.
Ele chegou em abril do Banco ABC Brasil, saiu em setembro e planeja começar em uma posição semelhante em outra instituição, segundo pessoas familiarizadas com a sua mudança de emprego. A assessoria de imprensa do Santander não respondeu aos pedidos de comentário.
A unidade do JPMorgan no Brasil está adicionando executivos e busca um substituto para Pedro Campos, vice-presidente que recentemente se juntou à equipe de mercados de capitais de dívida do Bank of America.
Campos ficará em São Paulo, onde trabalhará na originação de títulos internacionais e se reportará a Maxim Volkov no Bank of America em Nova York. Um representante do JPMorgan não quis comentar.
O Itaú Unibanco, o Bradesco (BBDC4) e o Banco Safra, alguns dos maiores bancos da região, também estão buscando novas contratações para seus departamentos de renda fixa, disseram pessoas familiarizadas com as buscas de talentos, que pediram para não serem identificadas porque os planos não são públicos.
O Itaú, o maior banco da América Latina em capitalização de mercado, contratou Thiago Munhoz como diretor de renda fixa e recentemente convidou Thales Gaspar para trabalhar em seu departamento de renda fixa e vendas no mercado secundário, disseram pessoas familiarizadas com os contratados.
Munhoz passou sete anos no Bradesco e Gaspar esteve no Banco Santander por quase nove anos, incluindo os últimos seis como principal trader de crédito.
O Itaú prevê um aumento nos projetos de financiamento que exigirão pessoas com experiência na estruturação de negócios. O banco possui algumas centenas de mandatos para fusões e aquisições, incluindo 30 no valor de mais de US$ 500 milhões.
Esses acordos, nacionais e internacionais, precisarão de estruturas especiais de financiamento, que exigem banqueiros veteranos cada vez mais difíceis de encontrar em uma região que emerge da estagnação econômica, segundo pessoas com conhecimento das contratações e do pipeline de negócios do Itaú.
O Itaú também foi atingido por saídas. Felipe Colin, que estava no mercado de capitais de dívida e departamento de crédito estruturado do banco, saiu em abril para ajudar a iniciar a Hub Capital, uma empresa de fintech sediada no Rio de Janeiro.
Mariana de Oliveira, gestora de ativos do Itaú em Santiago, saiu no mesmo mês para ingressar na Moneda Asset Management como assistente de gestão de portfólio, disseram pessoas com conhecimento de sua mudança. Atualmente, ela supervisiona a carteira brasileira do banco chileno que investe em bonds e ações da América Latina. O Itaú não quis comentar.