Itaú BBA vê Selic a 15%, inflação próxima aos 5% e dólar em R$ 5,70 em 2025; confira as projeções atualizadas
Para o Itaú BBA, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic a até 15% ao ano no atual ciclo de aperto monetário. Segundo o economista-chefe, Mario Mesquita, e a equipe de pesquisa macroeconômica da casa, a taxa deve permanecer nesse patamar até o final de 2025.
Em relação ao ritmo do ciclo, eles esperam duas altas de 1 ponto percentual (p.p.) nos juros — conforme indicado pelos diretores na reunião passada — e uma alta final de 0,75 p.p. na terceira reunião do ano, levando a Selic dos atuais 12,25% para 15%.
“Naturalmente, diante do balanço de riscos assimétrico para inflação, há possibilidade de um ciclo ainda maior”, ponderam.
As atualizações das projeções do BBA se deram, segundo os economistas, pela piora relevante das expectativas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do câmbio mais depreciado e da atividade ainda resiliente.
Em relação à inflação, o BBA projeta que o índice feche 2024, 2025 e 2026 em respectivos 4,9%, 5% e 4,3%.
Eles destacam que o balanço de riscos para o IPCA em 2025 segue assimétrico para cima: câmbio desvalorizado; serviços subjacentes mais pressionados por mercado de trabalho apertado e alimentação no domicílio mais fraca com pressão menor de proteínas. Já para 2026, a inércia elevada, assim como as expectativas desancoradas e o mercado de trabalho, pressionam.
Para o dólar, o BBA projeta a taxa em R$ 5,70 em 2025 e 2026. “Apreciação da moeda é limitada pelo cenário de dólar forte globalmente; aumento prêmio de risco doméstico refletindo as incertezas fiscais; e deterioração das contas externas (déficit em conta corrente em 3,3% PIB na margem).”
Por fim, quanto ao Produto Interno Bruto (PIB), os economistas revisaram as projeções de 2024 de 3,2% para 3,6%.
Para 2025 e 2026, o crescimento deve ser de 2,2% e 2%, respectivamente. No ano que vem, o carrego maior e PIB agropecuário forte no primeiro trimestre devem impactar o resultado, e, no seguinte, as despesas com transferências e o aumento da faixa de isenção do imposto de renda devem contrabalancear o efeito da Selic mais elevada.
De volta aos juros, os economistas esperam que os cortes na Selic fiquem somente para 2026 — quando o BBA espera que a taxa caia para 13% ao longo do ano.
E o fiscal?
Em relação ao pacote de gastos anunciado pelo governo no final de novembro, o BBA diz que pode ser insuficiente para garantir cumprimento do arcabouço fiscal até 2026
“Estimamos economia potencial de R$ 56 bilhões em 2 anos com o pacote fiscal. Para 2026, o impacto é de R$ 32 bi, abaixo da necessidade estimada de corte de gastos de R$ 40 bi”, afirmam.
Os economistas esperam um resultado primário de -0,4% PIB em 2024, -0,7% em 2025 e -0,7% em 2026.
“O quadro fiscal segue sem melhora estrutural e com riscos crescentes tanto de receitas, com a tramitação da reforma do imposto de renda, quanto de despesas, com a dificuldade de cumprimento do limite de despesas do arcabouço”, dizem.