Itaú BBA vê maior impacto para duas frutas com tarifas dos EUA

A manga e a uva são as duas frutas mais afetadas pelas sobretaxas impostas pelos EUA, segundo o Itaú BBA. Os impactos ocorrem no segundo semestre, período de janela específico de exportação destes produtos aos Estados Unidos.
Para manga, o período de envio aos EUA é mais concentrada entre setembro e outubro, e para uva, entre outubro e dezembro. Tanto manga quanto a uva – principais frutas exportadas – tem os EUA como um dos maiores destinos da produção.
Os analistas do banco veem como provável uma redução nas margens dos exportadores, e caso ocorra uma retração de vendas, haverá maior disponibilidade no mercado interno e pressão sobre preços.
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“Apesar do decreto publicado pelos EUA no dia 5 de setembro de 2025 incluir a manga em uma lista de produtos isentos de tarifas, essa vantagem só se aplica a países considerados “parceiros alinhados”, e o Brasil ainda não está nessa lista”, explicam.
Perecibilidade preocupa
O cenário preocupa por se tratar de alimentos perecíveis, que necessitam uma boa logística para garantir o shelf life (tempo de prateleira) das frutas. No caso da manga, o shelf life é ainda mais curto em relação ao da uva. Por outro lado, mesmo com a imposição das tarifas, não prevemos grandes interrupções na cadeia exportadora.
De forma geral, a expectativa é de que haja uma negociação entre os exportadores e importadores na tentativa de minimizar os impactos, mas uma continuidade dos envios, para manter o mercado abastecido.
Vale lembrar que, no caso da manga, o Brasil é o principal fornecedor global entre os meses de setembro e outubro, o que limita as alternativas de compra de outros países no período.
Para uva, a janela exclusiva do Brasil é mais curta e há outros países concorrentes que podem captar espaço das uvas brasileiras nos EUA, porém, a fruta é mais fácil de ser redirecionada para outros mercados, como a Europa.
Já para a manga, a principal variedade enviada aos EUA é a Tommy, que não tem a mesma aceitação na Europa, que consome a variedade Palmer, dificultando o
redirecionamento da produção que seria enviada ao mercado norte-americano.
“Assim, é provável que os exportadores tenham suas margens reduzidas e possíveis desvios da oferta, originalmente destinada à exportação, para o mercado interno podem causar pressão em cotações internas”.
Medidas de mitigação para frutas
A divulgação do governo do “Plano Brasil Soberano”, que prioriza algumas medidas para pequenas e médias empresas exportadoras com exposição ao mercado norte-americano, pode minimizar os impactos negativos ao setor. As medidas, como acesso a crédito com taxas menores e flexibilização das compras públicas voltadas a alimentos perecíveis, podem ser utilizadas pelo segmento fruticultor.
Caso as tarifas se mantenham por um período prolongado, algumas estratégias podem ser utilizadas. No caso da uva, é provável haver redirecionamento para novos mercados, como Europa. Como essa prática de redirecionamento de mercado não é possível no caso da manga, é possível que produtores se planejem para as próximas safras, evitando concentrações de oferta no período de janela para os EUA e conduzindo o manejo para distribuir melhor o período de colheita.
Outro ponto pode ser uma futura mudança da variedade Tommy pela Palmer, devido à sua aceitação no mercado europeu. A consolidação das estratégias deve se basear no resultado deste segundo semestre, os meses de setembro e outubro serão decisivos para o setor produtivo da manga.