Itaú BBA vê Ibovespa aos 145 mil pontos ao final de 2025 — e aponta 8 ações para o longo do ano
Depois de expectativas frustradas em 2024, o Itaú BBA começa o novo ano apostando em um salto do Ibovespa (IBOV).
O banco prevê o principal índice da bolsa brasileira aos 145 mil pontos no final de 2025. Considerando que o Ibovespa segue na casa dos 120 mil pontos desde o início do ano, a potencial valorização é de cerca de 21%.
Um dos motivos para a aposta na alta da bolsa é o valuation.
Nas contas dos analistas do Itaú BBA, o Brasil é negociado a um múltiplo de 6,8 vezes a relação entre o preço e lucro (P/L) das ações que compõem o Ibovespa — o menor nível em 30 meses e abaixo da média dos últimos 10 anos de 10,2x P/L.
Isso porque “os investidores estão apostando em um clima de baixa para o país”, afirma a equipe liderada por Daniel Gewehr.
Vale lembrar que o múltiplo P/L mostra em quantos anos o investidor tem de volta o valor investido com base nos lucros das companhias. Ou seja, quanto menor o P/L, mais baratas estão as ações.
“O Ibovespa está se aproximando do território de sobrevenda [119 mil pontos], mas ainda é um cenário desafiador para a indústria de fundos local e o humor dos estrangeiros”, diz o relatório.
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Outros gatilhos para o Ibovespa
Além da bolsa brasileira ainda mais ‘barata’, os analistas do Itaú BBA avaliam que outros fatores devem impulsionar o Ibovespa para o nível dos 145 mil pontos.
O primeiro deles é que as ações negociadas no Ibovespa devem permanecer em níveis atrativos e descontadas em relação à média histórica.
“Considerando nossa cobertura completa no Brasil e dividida em 16 setores, vemos cada setor negociado com desconto em relação à média de cinco anos”, escrevem os analistas.
Para eles, os setores de Educação, Saúde e Construção apresentam os maiores descontos, enquanto Utilities (serviços públicos), Siderurgia e Mineração e Bancos negociam com menores descontos.
Os riscos também estão na mesa
O Itaú BBA, porém, não descarta os riscos: o cenário macroeconômico tanto doméstico quanto externo.
Por aqui, a taxa básica de juros, a Selic, deve permanecer elevada. Nas projeções do banco, a Selic deve atingir 15% ao longo de 2025. Hoje, a taxa está em 12,25% ao ano.
Além disso, as incertezas sobre as contas do governo e a trajetória da dívida pública ainda permanecem. O pacote fiscal, apresentado em novembro passado, “é insuficiente para garantir o cumprimento do quadro fiscal até 2026”, diz o relatório do Itaú BBA.
Há também o risco inflacionário. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é indicador oficial de inflação do país, fechou 2024 em 4,83% — acima do teto estabelecido para o ano.
“A depreciação cambial e o mercado de trabalho apertado persistem como principais riscos ascendentes [para inflação], apenas parcialmente compensados pela possibilidade de preços mais baixos dos alimentos (particularmente proteínas)”, afirma a equipe liderada por Daniel Gewehr.
Nas projeções do Itaú BBA, o IPCA deve atingir 5% neste ano, também acima do teto da meta (de 4,5%).
Esses fatores devem também impactar o crescimento dos lucros das empresas. Embora a projeção seja de alta de dois dígitos, há o risco de revisões para baixo em cenário de taxas de juros e de inflação mais altas.
No exterior, a atividade econômica dos Estados Unidos continua resiliente e deve resultar em menos cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed).
Além disso, a agenda do novo governo de Donald Trump deve levar ao aumento de tarifas, um déficit público crescente e restrições à imigração ilegal.
A considerar a China, existem promessas de novos estímulos à economia, mas os analistas do Itaú BBA consideram que a a postura política permanecerá mais reativa do que proativa. A projeção do banco é de um crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano — abaixo dos 5% esperado pelo governo chinês.
Já a Europa deve ter um baixo crescimento em meio a uma maior incerteza política e global.
Quais ações colocar na carteira?
A considerar o cenário macroeconômico, principalmente em relação ao ciclo de aperto monetário e às incertezas fiscais, o banco continua a ver os valuation das ações brasileiras em níveis atrativos e descontadas a média histórica.
Sendo assim, o banco atualizou as ações preferidas, as top picks. Confira:
Ação | Ticker | Preço-alvo |
Equatorial | EQTL3 | R$ 50,10 |
Sabesp | SBSP3 | R$ 143,30 |
Direcional | DIRR3 | R$ 36,00 |
Caixa Seguridade | CXSE3 | R$ 17,00 |
BTG Pactual | BPAC11 | R$ 40,00 |
Suzano | SUZB3 | R$ 72,00 |
Petrobras | PETR4 | R$ 49,00 |
Rede D’Or | RDOR | R$ 41,00 |