Itaú Asset prevê Selic a 15% e inflação acima do teto da meta em 2025
Para o economista-chefe do Itaú Asset, Thomas Wu, a taxa básica de juros, a Selic, deve atingir 15% ao ano em 2025.
Isso porque a Selic em patamar elevado, acima de 10% ao ano, teve pouco efeito sobre a economia brasileira esse ano, avaliou durante evento da gestora sobre as tendências do mercado para 2025.
“É uma taxa alta que tem efeitos colaterais, mas não fez efeito”, disse.
O Itaú Asset também projeta uma desaceleração do crescimento da economia de 3,6% previstos para este ano para 2,6% em 2025, puxada pela restrição na oferta de crédito, principalmente no mercado de trabalho.
“Está faltando dinheiro para contratar [crédito]. Para contratar, tem que aumentar o salário [mínimo], que também joga a inflação para cima e começa a correr um pouco da renda real. Você vai ao supermercado e seu dinheiro vale menos. É mais essa desaceleração que a gente está vendo”, afirmou.
Com esse cenário, a inflação deve atingir 6% no próximo ano, acima da meta de 3% do Banco Central, segundo as contas da equipe de Thomas Wu.
“Não é um cenário confortável. Se não recuperar o benefício da dúvida [sobre os esforços do governo em equilibrar as contas públicas], pode complicar ainda mais”, disse o economista-chefe.
‘Momento é oportuno para equilibrar as contas públicas’
Na visão de Wu, o Brasil não está em crise, mas ainda não é um país estável em relação à consolidação fiscal.
Para ele, o cenário macroeconômico atual, de índices de desemprego e de miséria na mínima histórica, propiciam “momento oportuno” para o equilíbrio das contas públicas por meio de uma revisão dos gastos, especialmente dos programas sociais.
“Não tem ambiente para resolver isso? Parece ser o melhor momento ”, afirmou Wu. “Eu acho que estamos perdendo uma grande chance de mostrar que há a capacidade de ser disciplinado quando as coisas ainda estão boas”, acrescentou.
“É preciso recuperar o benefício da dúvida para mostrar que esse momento é oportuno para tornar o nosso arcabouço fiscal mais consistente, com equilíbrio [nas contas públicas] e crescimento sustentável [da dívida]”.