Itaú eleva taxas de crédito imobiliário em meio à alta da Selic; veja os novos valores
Em meio à alta da Selic, a taxa básica de juros, o Itaú (ITUB4) elevou as taxas de crédito imobiliário. De acordo com comunicado ao qual o Money Times teve acesso, os novos valores entraram em vigor na última quinta-feira (10).
Veja abaixo:
Segmento | Taxa anual (%) | Nova taxa (%) |
---|---|---|
Private | 10,29 | 10,69 |
Personalité 1 a 3 | 10,49 | 10,89 |
Personalité 4 e 5 | 10,39 | 10,79 |
Uniclass 1 e 2 | 10,99 | 11,49 |
Uniclass 3 a 5 | 10,49 | 10,99 |
Agência e Não-Correntistas | 11,09 | 11,59 |
No fim do segundo trimestre deste ano, o Itaú contava com uma carteira de crédito imobiliário de R$ 114,6 bilhões. É importante ressaltar, no entanto, que essas taxas não são retroativas.
Ou seja, os valores serão válidos em propostas enviadas a partir de 10 de outubro de 2024 e não serão aplicadas às propostas que estão em processo de contratação.
As taxas também são validas somente para imóveis residências, não se aplicam para imóveis comerciais.
Em resposta, o Itaú disse que tem o compromisso de manter taxas competitivas no mercado, com foco em atender as necessidades dos clientes.
“Nesse sentido, toda vez que algum movimento importante ou mudança de tendência acontecem, nos empenhamos para entregar as melhores condições, levando em conta o perfil de cada cliente e seu relacionamento com o banco”.
Alta é natural, vê especialista
De acordo com especialistas, a alta é esperada e natural, visto que há diminuição dos recursos disponíveis, o que faz com que os bancos sejam mais seletivos na concessão de crédito, diz o coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV-SP, Alberto Ajzental.
“Menor oferta disponível, maior seleção, maior custo. Impacto? Quem compra imóvel compra o bem em si, e compra o financiamento. A renda não acompanhou o aumento desses custos, o que ampliou a distância entre a renda e o valor dos imóveis. Agora, são necessários mais anos para realizar a mesma compra”, diz.
Ele lembra ainda que o imóvel já havia ficado mais caro por conta do aumento do custo de construção desde a pandemia. “O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) subiu e não retrocedeu. E agora mais caro por conta do custo de financiamento”, destaca.
Aperto monetário
Segundo economistas, o Brasil deverá passar por mais um ciclo de aperto monetário. O último Boletim Focus indicava Selic a 11% até o final do ano. Porém, o número está abaixo de outras instituições, que vem um número ainda maior.
O próprio Itaú elevou sua expetativa recentemente. O economista-chefe, Mario Mesquita, e a equipe de pesquisa macroeconômica esperam um novo ciclo de alta para 12%.
Os pontos que justificam a decisão, segundo os economistas, são: a taxa de câmbio pressionada, as expetativas de inflação desancoradas e alguma revisão — ainda que pequena — do hiato do Produto Interno Bruto (PIB).
“Projetamos taxa Selic de 11,75% ao final de 2024, com uma alta adicional em janeiro do ano que vem, alcançando um nível terminal de 12%”, afirmam.
Ajzental calcula que uma variação de 2,2 pontos percentuais na Selic resulta em uma variação de 1% nas taxas de crédito imobiliário.
Apesar disso, o especialista diz que quando a Selic esta acima de 8,5%, não há necessariamente relação direta entre aumento as taxas e aumento custo credito imobiliário por conta de maior remuneração da poupança, uma das mais tradicionais fontes de recursos para financiamentos de imóveis para a classe média.
Matéria atualizada às 17h27 para acrescentar o posicionamento do Itaú