Israel se torna o primeiro país a exportar carne bovina cultivada; BRF (BRFS3) deve distribuir proteína no Brasil
Israel se tornou o primeiro país do mundo a liberar a venda e exportações de carne bovina cultivada. Além disso, o Ministério da Saúde de Israel concedeu nesta semana aprovação regulatória para a Aleph Farms, startup israelense, comercializar seus produtos no país.
Com isso, o país se une aos Estados Unidos e Singapura, os únicos países que já permitem a venda de carne cultivada em seus territórios.
Essa aprovação concede à Aleph Farms permissão para produzir e comercializar seus produtos no território israelense, sujeita às diretrizes específicas para rotulagem e publicidade fornecidas pelo Ministério da Saúde local e à conclusão da inspeção da instalação de produção piloto.
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O The Good Food Institute (GFI) foi a primeira organização a apresentar a tecnologia de carne cultivada aos reguladores israelenses e ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, por duas vezes (2020 e 2023), ocasiões em que ele experimentou a carne cultivada da empresa.
Além disso, a Aleph Farms foi fundada com base no projeto de doutorado de um ex-cientista sênior do GFI, doutor Tom Ben Arye Cohen.
O que é carne bovina cultivada?
Feita em laboratório, a carne bovina cultivada é produzida através das células de animais, com a proteína sendo desenvolvida fora do animal.
O primeiro produto a ser lançado pela empresa sob a marca Aleph Cuts será o “Petit Steak”, um bife cultivado a partir de células de Angus premium.
O produto híbrido de carne é composto por células não modificadas e não imortalizadas de uma vaca Angus preta premium, com uma matriz de proteína vegetal feita de soja e trigo.
Além das células derivadas de um dos óvulos fertilizados da vaca, não há outros componentes de origem animal no processo de cultivo ou no produto. O processo controlado e rastreável é realizado em um ambiente de produção asséptica, o que reduz significativamente os riscos de contaminação e exclui a necessidade da presença de antibióticos.
Assim que os requisitos de rotulagem e inspeção da instalação forem concluídos, a carne de laboratório será disponibilizada em restaurantes selecionados para, depois, ser distribuído para outros serviços de alimentação e varejo. Quanto ao custo, a empresa revelou que, no momento do lançamento, o Petit Steak terá preços semelhantes aos da carne bovina premium convencional.
Sobre a aprovação e a venda no Brasil
Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil, afirma que a aprovação da carne cultivada da Aleph Farms em Israel representa um avanço monumental para o setor de proteínas alternativas.
“Este é um exemplo brilhante do que a inovação, aliada à ciência e à sustentabilidade, pode alcançar. No The Good Food Institute Brasil, vemos isso como um sinal promissor do que está por vir”, destaca.
Ele ainda lembar que a carne cultivada já está programada para chegar ao Brasil. “É um testemunho do potencial que a carne cultivada tem para revolucionar o sistema alimentar, oferecendo alternativas sustentáveis e éticas sem comprometer o sabor ou a tradição”, completa.
A parceria para distribuição do produto no mercado brasileiro foi feita com a BRF (BRFS3)
“Este é um momento crucial para Brasil, que também publicou seu o primeiro caminho regulatório para produtos do tipo e pode se posicionar como líder na adoção e na inovação de proteínas alternativas, trazendo benefícios tanto para a nossa economia como para o meio ambiente”, comemora Guadagnini.
Papel de Israel na carne bovina cultivada
Três das oito primeiras empresas de carne cultivada do mundo são israelenses e 15% dos investimentos globais no campo são destinados a elas. O país apoia e promove as proteínas alternativas devido à batalha contínua da nação contra a insegurança alimentar.
De acordo com dados governamentais de 2021, 16% das famílias israelenses e 21% das crianças não tinham acesso adequado a alimentos seguros e nutritivos. Entre as famílias com crianças, 19% enfrentaram insegurança alimentar, enquanto 8,5% sofreram de insegurança alimentar severa.
Como a carne cultivada não depende da agricultura de gado, de extensas áreas de terras agrícolas ou de grandes quantidades de água, os benefícios para a segurança alimentar são tão relevantes quanto para as mudanças climáticas, especialmente em um país com clima hostil e mais da metade do território composto por solos desérticos.
A Aleph Farms já solicitou autorização para venda em Singapura, Suíça, Reino Unido e nos Estados Unidos.