Isolamento em São Paulo se mantém abaixo das expectativas
A taxa de isolamento no estado de São Paulo atingiu 47% ontem (5), valor abaixo das expectativas do governo paulista, que considera satisfatória taxa acima de 50% e, ideal, acima de 70%. Nos finais de semana, a taxa tende a subir e ficar na média considerada satisfatória.
Mas durante a semana ela volta a cair. Desde domingo o estado não consegue atingir a marca de 50%.
Caso a média de isolamento no estado não supere os 50%, o governador de São Paulo, João Doria, ameaça não abrandar as medidas de quarentena, que perduram até o dia 10 de maio.
Até esse dia, somente os serviços considerados essenciais – como de logística, segurança, abastecimento e saúde – estão autorizados a funcionar.
“Temos dito e repetido aqui que nenhuma medida de flexibilização de isolamento social será adotada no estado de São Paulo se não tivermos a média entre 50% e 60%. Infelizmente não estamos alcançando essa média”, falou o governador. Doria voltou a pedir para que as pessoas mantenham o isolamento.
“Quem é contra isolamento social está ajudando a encher hospitais e fazer a contagem de mortos”, disse ele.
Para Doria, a baixa adesão ao isolamento não se deve ao anúncio antecipado de que haverá flexibilização no estado a partir do dia 11 de maio. Desde o anúncio do relaxamento, feito no dia 22 de abril, a taxa de isolamento no estado se manteve abaixo dos 50% por nove vezes, com exceção dos finais de semana, quando ela cresce.
Segundo o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, a retomada das atividades e serviços não essenciais no estado será baseada não somente no índice de isolamento, mas também na taxa de ocupação de leitos e número de pessoas já contaminadas pelo coronavírus, por exemplo.
A taxa de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) no estado está em torno de 67,2%, mas na Grande São Paulo ela já está crítica, com 86,6% de ocupação.
“Nós estamos vendo, de um lado, uma frouxidão do sistema de isolamento e, de outro lado, a necessidade, pela quantidade de novos infectados, de aumentarmos a taxa de isolamento pelo menos a 55%. A única arma que nós temos é o distanciamento social. Nós não temos medicamentos, nós não temos vacinas – e nem teremos a curto prazo. Então é absolutamente fundamental que a população continue se sacrificando. Mas neste momento é necessário e é a única alternativa”, disse Uip.